Vacinas

Vacina da Astra mostra eficácia em meio a dúvidas sobre idosos

08 dez 2020, 13:52 - atualizado em 08 dez 2020, 13:52
AstraZeneca
No entanto, a eficácia da vacina não pôde ser avaliada em grupos de idade mais avançada, porque não houve casos suficientes, segundo os dados (Imagem: REUTERS/Brian Snyder)

A vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e AstraZeneca ofereceu proteção contra casos graves de Covid-19 em um estudo revisado por pares, embora mais análises sejam necessárias para medir a eficácia em pessoas com mais idade, que estão no grupo de maior risco na pandemia.

Os 10 casos de hospitalização vistos no estudo ocorreram entre pessoas que receberam placebo, sugerindo que a injeção previne os piores sintomas, de acordo com resultados publicados na terça-feira na revista The Lancet.

No entanto, a eficácia da vacina não pôde ser avaliada em grupos de idade mais avançada, porque não houve casos suficientes, segundo os dados.

Como adultos mais velhos foram recrutados para os estudos mais tarde do que os mais jovens, houve “menos tempo para o surgimento de casos nessas faixas etárias e para que pudéssemos medir um sinal de eficácia”, disse Andrew Pollard, diretor da Oxford Vaccine Group. “As evidências que temos até agora sobre a resposta imunológica sugerem em grande medida que provavelmente haverá níveis de proteção semelhantes entre as faixas etárias.”

O relatório lança mais luz sobre os pontos fortes e fracos da vacina, após semanas de confusão em torno da fase final do ensaio, mas ainda deixa perguntas sem resposta sobre o papel potencial no combate ao patógeno que já matou mais de 1,5 milhão de pessoas.

Ainda assim, mesmo que a vacina não seja compatível com a eficácia oferecida pelas pioneiras Pfizer e Moderna, deve ser mais barata e mais fácil de implantar em vários países.

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Dados iniciais

Dados iniciais divulgados pela Astra e Oxford no mês passado pareceram positivos, mas levantaram preocupações sobre o nível de proteção oferecida depois que os testes produziram dois resultados diferentes a partir de dois regimes de dosagem.

Os parceiros disseram que a vacina mostrou 90% de eficácia quando meia dose foi administrada antes de um reforço com dose completa, e que duas doses completas mostraram eficácia de 62%.

Posteriormente, descobriu-se que a dose mais baixa foi resultado de uma discrepância de fabricação e que só foi testada em um grupo mais jovem.

Dados iniciais divulgados pela Astra e Oxford no mês passado pareceram positivos (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

O CEO da Astra, Pascal Soriot, disse em entrevista no mês passado que a empresa faria um ensaio extra, provavelmente global, para verificar o resultado de 90%. A empresa disse na terça-feira que ainda avalia se fará um estudo adicional.

Os resultados, baseados em testes avançados com 11.636 pessoas no Reino Unido e no Brasil, foram revisados depois que 131 participantes contraíram a Covid-19. Destes, 30 estavam no grupo que recebeu a vacina e 101 no braço de controle, o que equivale a uma taxa de eficácia de 70%, de acordo com dados da The Lancet.

Embora a grande maioria dos 175 eventos adversos graves não tenham sido relacionados à Covid-19 ou às vacinas de controle, segundo a avaliação, um caso de mielite transversa, um distúrbio neurológico, pode estar relacionado à injeção, disse a revista.

Análise adicional

São necessários mais ensaios para comprovar as conclusões inesperadas e uma investigação da eficácia em adultos de mais idade, escreveram Maria Deloria Knoll e Chizoba Wonodi, da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, em artigo que acompanha os dados.

Os autores destacaram “limitações” com os resultados, incluindo menos de 4% dos participantes com mais de 70 anos, bem como a descoberta de que nenhum participante com mais de 55 anos recebeu o regime de dose mista. Ainda assim, disseram que o preço mais baixo esperado da vacina é promissor para os países de renda média e baixa.

A AstraZeneca começou a enviar os dados para reguladores no mundo todo para aprovação antecipada e está pronta para começar a entregar centenas de milhões de doses, disse a empresa em comunicado.

A farmacêutica disse que também busca uma lista de uso emergencial da Organização Mundial da Saúde para acelerar a entrega da vacina a países de baixa renda.