Usinas indianas querem produzir etanol direto do açúcar a fim de neutralizarem estoques
Os sinais de que o modelo indiano de subsídios à produção de cana, de açúcar e às exportações estão se esgotando, com os produtores ainda não alcançando receita suficiente, pode ser o direcionamento para a produção de etanol. Agora, as próprias usinas solicitam ao governo autorização para as empresas petroleiras comprarem o biocombustível produzido do açúcar e subtrair estoques do alimento.
Ao contrário do etanol de cana produzido pela fermentação, o etanol feito a partir do açúcar acabado – depois de dissolvido em água e transformado em xarope – necessita de regulamentação pelo Ministério do Petróleo da Índia. E o Ministério da Alimentação já teria adiantado solicitação de avaliação, a fim de desviar os estoques do adoçante que tiram a liquidez dos mercados externos e internos.
A informação desta quarta (28), do portal indiano Sugar News, apresenta o caso do estado de Maharashtra, de onde partiu o pleito das usinas. Até o final de setembro, estima-se um estoque de 5 milhões de toneladas, mais que o dobro do consumo atual e cujo excedente não tem suporte em preços com o atual estágio dos futuros em Nova York (11.37 c/lp o outubro hoje).
Para a próxima temporada, a Índia toda deverá ter o recorde de 14,5 milhões de toneladas nos inventários. Somado à projeção de 28,2 milhões de toneladas que podem ser produzidas, a oferta total do país ultrapassará as 43 milhões de toneladas.
Essa montanha de açúcar precisa ser neutralizada em parte, discute o Ministério da Alimentação e produtores, não sem antes alertarem para os custos decorrentes para a conversão do açúcar em etanol anidro para a mistura à gasolina.
Mas para fazer frente a isso, uma das medidas que poder ser adotada é um preço diferenciado para o etanol do alimento. Hoje, os compradores internos do biocombustível possuem três tabelas para o etanol, nos diferentes graus de rendimento. Os produtores pedem uma quarta cotação.
O contexto da solicitação dos produtores chega também no momento que a Índia estuda acelerar maior mistura de etanol. Sob torcida dos principais exportadores, Brasil a frente, que defendem o desvio do açúcar para etanol, a fim de equilibrar o balanço de oferta e demanda a favor dos produtores.
Este ano é de 7,5% e a política governamental fala em 10% até 2022 e 20% até 2030.
Espera-se que a capacidade anual de produção de etanol na Índia cresça para 6/7 bilhões nos próximos dois a três anos, de 3,55 bilhões de litros no momento.