Usina de Angra 3 deve ter conclusão atrasada por coronavírus, diz Eletronulear
A menor demanda por energia e a desvalorização do real associadas à pandemia de coronavírus vão empurrar a conclusão da terceira usina nuclear brasileira para 2027, disse à Reuters o presidente da estatal Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras (ELET3).
O Brasil ainda tem planos de atrair um parceiro para o empreendimento, o que deverá acontecer até 2023, disse o chefe da Eletronuclear, Leonam Guimarães.
O país tem buscado há décadas terminar as obras da usina de Angra 3, que terá 1,4 gigawatt em capacidade quando em operação, e empresas de China, Rússia, França e Coreia do Sul estão entre as candidatas a possíveis parceiras.
A construção, planejada originalmente nos anos 80 e retomada em 2009, foi paralisada no final de 2015. Agora, a expectativa é de recomeço dos trabalhos ainda neste ano, após um longo atraso causado por dificuldades financeiras da Eletrobras e investigações de corrupção.
Até o momento, 9 bilhões de reais já foram gastos no projeto.
“Estamos falando de um atraso pequeno, de novembro de 2026 para o ano seguinte”, disse Guimarães, em entrevista na quinta-feira.
Ele citou, no entanto, algumas incertezas que devem impactar o empreendimento, como a “brutal” queda no consumo de energia causada pela pandemia de coronavírus, de entre 10% e 15%, que gera dúvidas sobre a demanda futura.
Ele também falou de impactos cambiais, mas disse que estes devem ser relativamente pequenos porque apenas 35% do investimento necessário na usina será em moeda estrangeira– custos referentes a tecnologia da Framatome, da francesa EDF, a serem pagos em euros.
Uma importante reunião do Conselho da Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos (SPPI) que discutiria o modelo de negócios para retomada de Angra 3 em 25 de março foi suspensa devido à pandemia.
Assim, o modelo, que está sob responsabilidade do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ainda está pendente de aprovação.
Mas a Eletrobras aprovou a manutenção de um investimento de 1 bilhão de reais em Angra 3 neste ano, para permitir a retomada das obras e para tornar o projeto mais atrativo para um parceiro, disse Guimarães.
Pelo modelo de negócios hoje em discussão, um sócio privado entraria com cerca de 20% do investimento necessário.
“É muito mais fácil atrair parceiros para um projeto que está andando do que para um que está paralisado”, apontou ele.