Usiminas (USIM5): Resultados dão pistas do que esperar de Vale (VALE3), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4); entenda
Os resultados divulgados pela Usiminas (USIM5) nesta sexta-feira (10) contaram com algumas surpresas agridoces, como um prejuízo pior que o esperado, mas um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) acima do consenso.
A companhia apresentou prejuízo de R$ 839 milhões no quarto trimestre de 2022, enquanto as estimativas do mercado marcavam um saldo positivo de R$ 38 milhões, de acordo com o levantamento da Bloomberg.
Já o Ebitda ajustado de R$ 579 milhões, embora represente um tombo de 76% no comparativo anual, superou os R$ 471 milhões projetados graças a preços realizados para aço e volumes de vendas melhores que o esperado, na avaliação do Santander.
Apesar disso, de maneira geral, os números reforçam o cenário desenhado pelos analistas para os resultados do setor e podem dar pistas quanto aos balanços de Vale (VALE3), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4).
Nas prévias, os analistas sugerem que mineração será o destaque positivo da temporada, enquanto as operações de siderurgia vão capengar.
De fato, os resultados da Usiminas mostraram um desempenho mais fraco da divisão de aço, com o Ebitda recuando 34% no comparativo trimestral e as margens caindo para 4%. Os volumes domésticos de aço decresceram 7%, enquanto as exportações encolheram 16%.
Na divisão de mineração, o Ebitda do segmento apresentou um crescimento trimestral de 10%, a R$ 171 milhões, representando 30% do Ebitda consolidado (contra 19% no terceiro trimestre de 2022).
Segundo o Itaú BBA, o aumento nos volumes dos resultados de mineração mitigou preços realizados mais fracos para minério de ferro. Para a instituição, a divisão deve encontrar ventos a favor pela frente, com os preços do ingrediente siderúrgico atingindo média de US$ 124 a tonelada até agora no primeiro trimestre de 2023, US$ 25/tonelada acima da média do quarto trimestre de 2022.
Guidance
Além dos resultados, a Usiminas atualizou o seu guidance de capex (investimentos) para 2023, de R$ 2,4 bilhões para R$ 3,2 bilhões.
O aumento do capex é uma surpresa negativa para os investidores mais otimistas com as perspectivas de geração de caixa da companhia, avalia o BBA. Analistas destacam, no entanto, que a alavancagem da Usiminas continua saudável em 0,23 vez, apesar do fluxo de caixa livre negativo.
A postura de cautela predomina entre os analistas. O BBA segue com recomendação de “marketperform” (desempenho esperado em linha com a média do mercado) e preço-alvo de R$ 8 ao fim de 2023. O Santander está “neutro” com a ação, com preço-alvo de R$ 9.
Na avaliação do BTG Pactual, que também tem classificação “neutra” para os papéis, os resultados vieram pressionados. O banco cita o cenário operacional desafiador pelo qual a Usiminas está passando. Além disso, a companhia realiza uma grande reforma nas suas usinas no segundo trimestre de 2023, o que deve adicionar mais incerteza e volatilidade aos seus resultados.
“Também temos diversas dúvidas sobre a trajetória de alocação de capital no longo prazo e preferimos ficar de lado até existir mais clareza sobre esses tópicos”, dizem Leonardo Correa e Caio Greiner, em relatório publicado nesta sexta.
O BTG também vê a ação da Usiminas sendo negociada a 4 vezes o Ebitda para 2023, um prêmio de 20% a 30% para os pares na América Latina.