Usiminas (USIM5): Após resultados decepcionantes, dividendos podem ser próxima vítima?
Os resultados da Usiminas (USIM5) conseguiram desagradar a maioria dos analistas.
E os investidores não deixaram barato. Os papéis caíram 6,34%, a R$ 12,87, a maior queda do Ibovespa.
No trimestre, a companhia reportou lucro R$ 1,26 bilhão, elevação de 5% ante o mesmo período do ano passado.
Na visão da Genial Investimentos, todos os indicadores vieram abaixo do esperado, prejudicados pelas chuvas.
O Ebitda, que mede o resultado operacional, atingiu R$ 1,6 bilhão, vindo 14% abaixo do estimado pelo Goldman Sachs e 17% menor do que o consenso.
Segundo o banco, o valor foi puxado por resultados de mineração fracos mais amplos (preços realizados e volumes decepcionantes), enquanto o aço estava em grande parte em linha com o esperado.
Para os analistas Márcio Farid, Gabriel Simões e Henrique Marques, a previsão dos lucros de aço e geração de fluxo de caixa livre da Usiminas tornou-se cada vez mais desafiadora, “uma vez que a alta alavancagem operacional agora é atendida com custos voláteis de matérias-primas (especialmente carvão e placas, mas também minério de ferro)”.
“O feedback dos investidores sugere que a incerteza dos lucros está reduzindo o apetite para investir nas ações”, dizem os analistas.
Lembrando que a geração de caixa está diretamente ligada à distribuição de dividendos.
Na opinião do BTG Pactual, a Usiminas possui muito trabalho a ser feito.
Os analistas destacam a geração de caixa negativa, com a empresa consumindo R$ 400 milhões no trimestre.
“Embora tenhamos visto o primeiro trimestre como mais um trimestre de transição para a Usiminas, com custos crescentes e preços de aço mais brandos, também continuamos cautelosos com as perspectivas”, coloca.
Mesmo assim, o banco diz que a Usiminas está bem posicionada do ponto de vista do balanço patrimonial, com sua posição de caixa líquido preservada no trimestre.
“Em nossa visão, a Usiminas continuará gerando FCF positivo em 2022, apesar do aumento do capex e do acúmulo de WK para a parada de manutenção de Ipatinga”, aponta.
A Genial também recorda que, na parte dos custos, de modo geral, todos os segmentos foram fortemente afetados pelos preços das commodities, com carvão e minério de ferro em preços elevados.
O que fazer com o papel?
Segundo a Ativa Investimentos, embora o resultado financeiro tenha sido superior em função da valorização do real e, assim, seu lucro líquido tenha superado as expectativas, “temos uma visão negativa do resultado do ponto de vista operacional”.
“O aumento de vendas nos surpreendeu positivamente, porém os futuros resultados da divisão dependerão da dinâmica de custos, que já se mostrou mais elevada neste trimestre, bem como da aplicação dos reajustes nas montadoras a partir de 01/04, do desempenho da indústria e do setor de distribuição, que podem se mostrar mais assimétricos em função das condições macroeconômicas do país”, destaca.
A Ativa tem recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 19.
O Goldman destaca que, embora haja desafios, a ação negocia a valores atrativos de 2 a 3 vezes o EV/Ebitda (valor da firma sobre resultado operacional) em 2022 e com 20% de rendimento de geração de caixa.
Segundo o BTG, a Usiminas continua com valor, mas a pressão decorrente do aumento dos custos e da fraca
demanda no mercado doméstico deve continuar pesando no desempenho das ações.
“No entanto, as ações parecem estar precificando o Ebitda de R$ 3-4 bilhões no longo prazo, o que implicaria preços caindo 30-40% a/a, com perda significativa de volume, o que ainda vemos como altamente improvável”, dizem.
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