Usiminas ou Gerdau: quem mais se beneficia com a disparada dos preços do aço?
O vento está favorável para o setor de siderurgia. Com a retomada da demanda, os preços do aço disparam, o que pode impulsionar os números das principais companhias do setor, como Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4).
Segundo relatório da Ágora enviado a clientes nesta quarta-feira (25), os preços devem subir de 5% a 7% em dezembro, seguido por outra rodada de 5% a 7% em janeiro.
“Nossos contatos mencionaram que as negociações anuais de preços com as montadoras de veículos também parecem estar convergindo para um resultado positivo para as siderúrgicas”, afirmam Thiago Lofiego e Luiza Mussi, que assinam o relatório.
A promessa, segundo eles, é de um aumento de 35% a 40% nos valores praticados pelo mercado.
De acordo com a Inda (Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço) distribuidores de aços planos do Brasil devem encerrar 2020 com crescimento de vendas apesar dos impactos da pandemia e estão vendo sinais de nova expansão em 2021, em meio à forte demanda de indústrias que incluem a de construção civil e máquinas e equipamentos.
Exterior favorável
Além da demanda doméstica forte, o mercado exterior também começa a exibir sinais de melhora. A China, por exemplo, já exporta aços laminados a US$ 570, contra US$ 512 de um mês atrás.
“Em nossos cálculos, os preços domésticos do vergalhão estão sendo negociados atualmente com um prêmio de cerca de 7% para o material importado, enquanto os preços dos aços laminados estão sendo negociados com um desconto de 3%”, disseram.
Em evento realizado pela corretora, CEOs das siderúrgicas já apontaram que poderiam elevar os prêmios para até 15%, sem com isso colocar pressão sobre os preços domésticos.
Parou por aí
Apesar do aumento, em 2021 os preços devem se estabilizar, apoiados por uma demanda mais saudável.
Por outro lado, uma potencial valorização do real pode pressionar os preços, destacam os analistas.
Quem ganha mais
Segundo a Ágora, a Usiminas é a mais sensível a altas de preços. A corretora projeta um Ebitda, que mede o resultado operacional, de cerca de R$ 3 bilhões em 2021, considerando aumentos de 15% no canal de distribuição ao longo do quarto trimestre e primeiro trimestre de 2021.
“Embora reconheçamos que o momentum é positivo para a Usiminas, mantemos nossa recomendação neutra e preço-alvo de R$ 12, visto que vemos um crescimento do Ebitda relativamente mais tímido”, disseram.
Já a Gerdau deverá ter melhores resultados com o aumento dos preços. Os analistas esperam um Ebitda de R$ 7,6 bilhões para o próximo ano, levando em conta os aumentos de cerca de 10% para aços longos e planos.
“Cada variação de 5% no preço dos aços longos implica em cerca de R$ 645 milhões no Ebitda”, pontuaram.
A Ágora manteve a preferência e recomendação de compra para a Gerdau, com preço-alvo de R$ 26, (potencial de valorização de 15%) devido ao forte impulso de lucros.
Goldman Sachs também está otimista
Analistas do Goldman Sachs (GS) também atualizaram projeções para siderúrgicas brasileiras listadas na B3 (B3SA3), enxergando volumes e preços maiores nos próximos trimestres, de acordo com relatório a clientes nesta terça-feira, no qual elevaram os preços-alvo de Gerdau, Usiminas e CSN (CSNA3).
Thiago Ojea e equipe destacaram os quatro aumentos de preços diferentes implementados desde junho, o que impulsionou os resultados do terceiro trimestre das companhias e deixou os preços do aço brasileiro 25% mais altos do que no segundo trimestre, enquanto veem novos reajustes no horizonte.