BusinessTimes

Unidade da Cemig mira crescer em geração solar distribuída via aquisições

04 set 2020, 17:44 - atualizado em 04 set 2020, 17:44
Cemig
As transações têm sida feitos com recursos próprios, aportados pela Cemig na empresa (Imagem: YouTube/Cemig)

A Cemig (CMIG4) SIM, unidade da estatal mineira Cemig  voltada a negócios de geração distribuída de energia solar, pretende quase dobrar sua capacidade de geração neste ano, expandindo também a base de clientes, disse à Reuters o presidente da empresa.

O crescimento vai se dar com a aquisição de participação em empreendimentos pré-operacionais da tecnologia conhecida como GD, que envolve usinas de pequeno porte cuja geração é direcionada para abater a conta de luz de consumidores.

Essa modalidade de produção de eletricidade tem crescido em ritmo acelerado no Brasil desde 2015, apoiada por incentivos regulatórios que tornam os sistemas, principalmente solares, uma opção atrativa de investimentos para empresas e consumidores.

“A Cemig SIM vai investir em 2020 cerca de 100 milhões de reais só na questão de energia solar”, disse à Reuters o CEO da subsidiária, Danilo Gusmão Araújo.

“Nossa expectativa é que em cinco anos a gente invista 600 milhões de reais em soluções de eficiência energética e também na energia solar. Em dez anos, seria mais que dobrar, para 1,4 bilhão de reais.”

O executivo projetou que a empresa deve fechar este ano com participação em usinas que somarão cerca de 52 megawatts em capacidade, contra 30 megawatts atualmente.

O crescimento será viabilizado principalmente com a compra de fatias minoritárias de 49% em ativos de GD pré-operacionais ou já em funcionamento.

“Nossa primeira opção é através sempre das aquisições de projetos pré-operacionais, porque com isso a gente consegue fazer uma aceleração do crescimento, de forma mais rápida”, disse o CEO.

Como a Cemig é controlada pelo governo de Minas Gerais, participações superiores a 51% nas usinas tornariam os ativos estatais, o que poderia gerar complicações burocráticas aos negócios, explicou.

Os investimentos da empresa focam instalações em Minas Gerais, que além de sede da Cemig é considerado o Estado mais competitivo para negócios de geração distribuída fotovoltaica por questões tributárias e pela boa irradiação solar.

As transações têm sida feitos com recursos próprios, aportados pela Cemig na empresa, mas a unidade pretende obter financiamentos de longo prazo atrelados a seus ativos.

“Estamos agora com uma operação que está sendo concluída com o Banco do Nordeste”, disse Araújo, sem detalhar. Ele também revelou conversas com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) sobre eventuais empréstimos.

Pela modalidade de geração distribuída, pequenas usinas solares ou placas fotovoltaicas em telhados podem ter toda a produção abatida da conta de luz de consumidores.

A Cemig SIM tem negociado a produção de suas usinas principalmente com clientes do setor comercial, em processo de venda digital de planos para a compra por determinado período do direito à energia gerada.

Os consumidores conseguem em média corte de 20% nos custos com a energia ao aderir a esses planos para usar a produção das usinas solares, segundo Araújo, que comentou que a empresa lançará em breve produtos focados em consumidores residenciais.

“Estaremos nos próximos meses lançando um produto para os clientes residenciais de Minas Gerais, nossa expectativa é que nos próximos 60 dias já tenhamos isso lançado”, afirmou.

Instalações operacionais de GD somam 3,5 gigawatts no Brasil, contra 2 gigawatts no começo deste ano. Isso já é mais que os 3 gigawatts em usinas fotovoltaicas de grande porte ativas no país, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Em meio ao crescimento, a Aneel chegou a iniciar no ano passado discussões sobre mudanças nos incentivos à tecnologia, ao apontar que subsídios dados à GD poderiam pesar no longo prazo sobre consumidores que não utilizam esses sistemas.

A agência, no entanto, recuou após o presidente Jair Bolsonaro e parlamentares terem atacado a ideia, com promessas de derrubar no Congresso eventual decisão do regulador. Desde então, há expectativa de que o assunto volte a ser discutido em um projeto de lei.