Uma história simples para entender por que os países ricos são ricos hoje (e o Brasil não)
Os países ricos produzem bens que são comercializáveis e muito sofisticados, exportáveis e que por isso são submetidos a pouca ou menor competição.
O sistema operacional Windows somente é produzido pela Microsoft, e tem pouca competição para ele, os telefones celulares Samsung e Apple também, os carros da Toyota, os aviões da Boeing e da Airbus e assim por diante. Esses são produtos e marcas muito conhecidas, mas há dezenas de outros que são compostos químicos, micro circuitos e coisas deste tipo que têm grande conteúdo tecnológico e são submetidas a pouca competição, permitindo que a margem de lucro das empresas que os produzem seja maior e que os salários pagos também, resultando em benefícios generalizados para os países que as sediam.
Importante dizer que há uma grande cadeia de fornecedores de apoio à fabricação de carros, celulares e compostos químicos de ponta, assim como uma grande cadeia de prestadores de serviços depois que são produzidos a fim de que sejam comercializados.
O primeiro tipo de cadeia é “para trás” do produto: o vidro do carro, as borrachas, os amortecedores, etc. A cadeia “para frente” é formada pelas agências de propaganda e marketing, empresas de pesquisa, profissionais de vendas, dentre outros. As empresas que fazem isso também ficam nos países sedes das empresas que fabricam os carros, celulares e compostos químicos de ponta.
Imagine-se que hoje tivéssemos um carro Gurgel que dominasse o mundo tanto quanto os carros da Kia ou da Mitsubishi. Imagine-se que a Embraer (EMBR3) ainda fosse nossa e passasse a competir mundialmente com a Boeing e Airbus na fabricação de aeronaves de grande porte, o que ela utilizasse seu conteúdo tecnológico para fabricar jet-skis, como fez a Bombardier, e exportar para dominar o mercado mundial. É isso que torna um país desenvolvido.
O Brasil está ficando cada vez mais para trás nessa competição global.
Matéria escrita por Paulo Gala e Alberto C. Almeida.