Economia

Um passo por vez: As indicações de Powell, Campos Neto e Lagarde para os futuros das políticas monetárias

02 jul 2024, 12:57 - atualizado em 02 jul 2024, 15:28
Powell, Campos Neto e Lagarde juros política monetária
Campos Neto, Lagarde e Powell falam sobre futuro dos juros em painel do fórum organizado pelo BCE (Imagem: Reprodução/Youtube European Central Bank)

Os presidentes dos Bancos Centrais dos Estados Unidos, da Europa e do Brasil se mostraram cautelosos em relação à possíveis indicações futuras para suas respectivas políticas monetárias.

Jerome Powell, Christine Lagarde e Roberto Campos Neto participaram na manhã desta terça-feira (2) de um painel do fórum organizado pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Banco de Portugal.

As falas estavam no radar dos investidores, uma vez que as dúvidas sobre os juros das economias avançadas e, consequentemente, das emergentes ainda pairam. No entanto, os presidentes não deram novas indicações.

Quando os EUA começam a cortar juros?

Powell, do Federal Reserve (Fed), voltou a bater na tecla de que precisa de mais dados consistentes, que indiquem que a inflação está caminhando para a meta, antes de começar a cortar juros.

“Queremos entender que os níveis que estamos vendo são uma leitura real do que está realmente acontecendo com a inflação subjacente. Queremos estar mais confiantes e, francamente, como a economia dos Estados Unidos é forte, [..] temos a capacidade de levar nosso tempo”, disse.

O Fed tem mantido a taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,5% desde julho do ano passado. O mercado prevê que o ciclo de afrouxamento se inicie com um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) em setembro.

No painel do fórum, Powell, no entanto, não deu indicações sobre a quantidade e tamanho dos cortes nos juros dos EUA. “Não vou indicar nenhuma data”, disse.

O presidente do Fed ressaltou ainda que não vê a inflação voltando para a meta este ano, nem no ano que vem. Entretanto, afirmou que o índice deve se aproximar dos 2% daqui um ano.

BCE segue cauteloso

Já Lagarde, do BCE, destacou que a zona do euro está “muito avançada” na trajetória da desinflação. No entanto, disse que há “pontos de interrogação” sobre as perspectivas de crescimento econômico.

“Estamos nessa lenta recuperação que surgiu no primeiro trimestre e que esperamos que persevere, mas tudo isso tem incertezas e grandes pontos de interrogação sobre o futuro”, afirmou.

No mês passado, o BCE cortou a taxa pela primeira vez desde setembro de 2019. Com a redução de 0,25 p.p., os juros de referência caíram para 3,75%.

A presidente disse no evento de hoje que alcançaram um nível de confiança em junho para cortar os juros, mas não é algo dado para os próximos meses. “Vamos avaliar os dados cuidadosamente”, reiterou.

Lagarde também descartou a indicação de uma possível pausa nos cortes. “Não estamos preparando ninguém para nada”, afirmou.

Brasil em modo de espera

O presidente do Banco Central brasileiro, por sua vez, explicou que o aumento de ruídos fiscais e monetários corroborou com a decisão de interromper o ciclo de cortes da Selic na última reunião. As expectativas de inflação e os preços de alimentos também foram levados em conta.

Em junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 10,50% e, agora, está em modo de espera.

Segundo Campos Neto, o BC deve ficar fora da “arena política”. “Como Banco Central, temos que ficar fora da arena política e tentar seguir com o trabalho técnico. O que fizemos […] é uma prova viva de que tudo que foi feito foi técnico”, afirmou.

Ele ainda disse ter observado um movimento de “sell-off” em países emergentes, avaliando que a correlação entre as taxas norte-americanas e as do Brasil pode ter sido quebrada. “A independência que os BCs emergentes ganharam na pandemia se mostrou muito útil”, disse.

*Com informações da Reuters

Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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