Um novo round na disputa entre Lula e Roberto Campos Neto: Ata do Copom, balanço do Itaú, dívidas da Oi e outras notícias

No canto esquerdo do ringue, com dois mandatos presidenciais nas costas e um terceiro governo no início depois de receber mais de 60 milhões de votos em 2022: Luiz, Inácio, Lula, da Silvaaaaa.

No lado direito do ringue, primeiro presidente autônomo do Banco Central e com o mercado financeiro a seu lado: Roberto, Campos, Netooooo.

Se a disputa entre governo e BC, personificados nas figuras de Lula e Roberto Campos Neto, fosse uma luta de boxe, talvez fosse anunciada assim pelo locutor do embate, com as vírgulas e as vogais estendidas representando os efeitos dramáticos da apresentação.

Depois de iniciar o governo tentando atrair Campos Neto para um esforço conjunto de recuperação da economia, Lula rapidamente deixou de ver o banqueiro central como um potencial aliado.

A gota d’água para o governo foi o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgado junto com a decisão de manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, na quarta-feira passada.

Lula e seus ministros esperavam uma espécie de voto de confiança do Banco Central. Afinal, o novo governo afirma ter recebido de Jair Bolsonaro uma “herança ainda mais maldita”.

O tom do comunicado, porém, veio mais duro do que o esperado, com a indicação de que a Selic pode permanecer no nível atual por muito mais tempo do que o esperado anteriormente.

No Palácio do Planalto, o comunicado foi interpretado como tentativa de sabotagem contra um governo que ainda nem completou um mês e meio no poder.

A percepção de que Roberto Campos Neto manteve-se próximo de Bolsonaro e seus antigos ministros contribui para essa leitura no governo.

Lula imediatamente subiu o tom de sua retórica em relação ao comportamento do Banco Central.

É preciso ponderar, entretanto, que o Banco Central tem suas razões para sinalizar uma situação de juros mais altos por mais tempo. Na coluna de hoje, o Matheus Spiess explica em detalhes a visão do mercado sobre essa disputa. 

Aliás, hoje o embate entre Lula e RCN terá um novo round com a divulgação da ata da última reunião do Copom.

Para entender como o documento pode mexer com seus investimentos nesta terça-feira, acompanhe a cobertura de mercados do Seu Dinheiro.

O que você precisa saber hoje

TEMPORADA DE BALANÇOS
Itaú Unibanco (ITUB4) deve renovar lucro recorde em 2022. Saiba o que esperar do balanço que sai hoje à noite. O resultado consolidado do banco no ano passado deve superar em 15% o recorde anterior da empresa, alcançado em 2021.

‘INCONSISTÊNCIAS CONTÁBEIS’
Caso Americanas: Fundo Verde dispara contra Lemann e sócios e se diz vítima de fraude. O desempenho do fundo de Luis Stuhlberger foi parcialmente afetado pela debacle da varejista em janeiro devido a um investimento em debêntures da empresa.

MONTANHA DE ENDIVIDAMENTO
Novo calvário: Oi (OIBR3; OIBR4) declara dívidas de quase R$ 30 bilhões à Justiça do Rio. Segundo a companhia, o Itaú BBA é o principal credor entre os bancos nacionais. A empresa ainda possui dívidas de mais de R$ 9 bilhões só com o BNY Mellon.

ABASTECE AÍ
Itaú BBA diz que é hora de encher o tanque com Vibra (VBBR3) e Ultrapar (UGPA3). Segundo o banco, a dinâmica da distribuição de combustíveis tem variado bastante ao longo dos anos, regida pelas políticas de preços da Petrobras e flutuações no mercado internacional. Saiba se as duas empresas estão preparadas para o que vem por aí.

DIÁRIO DOS 100 DIAS
Dia 37 — Da defesa ao ataque: Lula fala (de novo) da inflação, do BC e, agora, do BNDES. Presidente solta o verbo mais uma vez e questiona o nível elevado da taxa de juros, ironiza os efeitos negativos de suas críticas à política monetária e ainda destaca o papel do BNDES para impedir que o Brasil “afundasse”.

MUNDIAL DE CLUBES
Flamengo estreia hoje no Mundial de Clubes da Fifa. Confira o horário do jogo. Veja também o caminho do Flamengo no Marrocos e onde assistir aos jogos do rubro-negro na busca pelo Mundial de Clubes.

Uma boa terça-feira para você!