BusinessTimes

Um mês após estreia, CNN tira do ar serviço de streaming

22 abr 2022, 8:36 - atualizado em 22 abr 2022, 11:14
CNN
A CNN anunciou o encerramento do seu serviço de streaming CNN+ (Imagem: Unsplash/Nicolas J Leclercq)

A CNN anunciou o encerramento do seu serviço de streaming CNN+, menos de um mês após seu lançamento. É um espetacular fracasso para um empreendimento que atraiu algumas estrelas da mídia americana – como Chris Wallace e Alison Roman – e que foi visto como uma forma de atrair uma nova geração de consumidores de notícias.

O serviço foi lançado em 29 de março, pouco antes de os novos donos da CNN, a Warner Bros. Discovery, assumirem a empresa. Os novos controladores deixaram claro, rapidamente, que consideravam a CNN+ uma ideia mal concebida. O serviço, baseado em assinatura, será encerrado no final de abril.

Executivos disseram que parte da programação e funcionários da CNN+ serão absorvidos pela rede de televisão e pelo site, mas que haverá demissões. O chefe da CNN+, Andrew Morse, está deixando a empresa.

Em um memorando para os funcionários na quinta-feira, 21, o novo presidente executivo da CNN, Chris Licht, disse que os consumidores queriam “simplicidade e um serviço completo”, em vez de ofertas independentes.

Limitações

Os executivos também criticaram a incapacidade do serviço de mostrar as últimas notícias ao vivo, o que foi considerada uma falha crucial. Por conta de contratos com empresas de cabo e satélite, a CNN+ não poderia transmitir a própria programação da CNN.

“É um pouco como a assinatura do New York Times sem o New York Times”, disse J.B. Perrette, chefe dos serviços de streaming do Discovery.

Segundo Perrette, a Discovery aprendeu – ao tentar lançar seu próprio serviço de notícias na Polônia e ao observar as experiências de outros serviços de streaming pagos nos Estados Unidos, como a Fox Nation – que a CNN+ não poderia esperar chegar perto de um milhão de assinantes. Ao contrário da CNN+, que cobrava dos clientes US$ 5,99 por mês, redes de transmissão como ABC, CBS e NBC oferecem serviços gratuitos de transmissão de notícias.

“Esses são os fatos”, disse Perrette. “Aprendemos com a história dolorosa, uma história financeiramente cara.” Se a empresa vai em uma direção diferente da CNN+, “não podemos deixar passar um segundo a mais do que o necessário.”

Sob o comando da AT&T, foram investidos US$ 100 milhões em desenvolvimento e nas despesas com cerca de 500 funcionários designados para construir a CNN+.

Perrette disse aos funcionários que eles teriam “primeiros direitos” em cerca de 100 empregos atualmente abertos na CNN. O memorando de Licht dizia que haveria pelo menos seis meses de indenizações para os funcionários que saíssem.

Na reunião, um membro da equipe da CNN perguntou por que a AT&T, a dona anterior da empresa, foi autorizada a desenvolver e iniciar o serviço, apesar da chegada iminente de uma nova administração que claramente tinha suas reservas sobre isso. Mas os executivos disseram que não tinham permissão – até que a aprovação formal da aquisição, semanas atrás – de se envolver em reuniões sobre o serviço.

Responsabilidades

Os executivos disseram que a responsabilidade pelo rápido fracasso recai diretamente sobre a gestão anterior. “Teríamos preferido ter esta discussão há seis meses, nove meses atrás”, disse Perrette. “Mas não foi possível.”

Licht disse em, seu memorando, que a decisão “incrivelmente difícil” de fechar a CNN+ é a acertada para o sucesso a longo prazo da CNN. Isso permitirá que os líderes reorientem os recursos para os principais produtos nos quais o grupo deve focar: “aprimorar ainda mais o jornalismo da CNN e sua reputação como líder global de notícias.”

Na rede de televisão, espera-se que Licht aumente a ênfase da CNN nas notícias, com menos comentários. Licht reconheceu, na reunião de equipe, que a experiência com a CNN+ – pelo menos inicialmente – terá repercussões com o pessoal e aqueles que quiserem trabalhar lá. “Temos de assumir a erosão da confiança e reconstruí-la”, afirmou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

estadao.conteudo@moneytimes.com.br