Opinião

Um começo de ano digno de comemoração

13 jan 2019, 12:05 - atualizado em 12 jan 2019, 20:25

Por Gabriel Casonato, Editor da Agora Brasil

Caro leitor,

Os Estados Unidos e a China concluíram a primeira rodada de negociações comerciais desde a trégua temporária acertada no mês passado.

Ficou a impressão de que estão avançando para um acordo mais amplo, embora tenham deixado as questões mais difíceis para as próximas reuniões.

Foram três dias de negociações na capital chinesa entre funcionários de nível médio das áreas comerciais de Washington e Pequim…

Os dois lados progrediram em questões como compras adicionais de produtos e serviços americanos pelos chineses, assim como uma maior abertura do mercado chinês ao capital americano.

Alguma dose de cautela, no entanto, não pode ser desprezada, na medida em que serão necessárias mais discussões para resolver a guerra de tarifas entre eles.

Tópicos mais importantes e complicados, como a redução de subsídios chineses a empresas do país, ainda estão longe de serem definidos.

A administração Trump ainda está pressionando por uma maneira de garantir que a China cumpra seus compromissos em qualquer acordo que as duas nações cheguem…

O escritório do representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, quer que qualquer acordo se submeta a “verificações em andamento e cumprimento efetivo”.

Os próximos passos podem ser definidos em uma nova rodada de negociações, desta vez entre funcionários de nível ministerial…

Ela incluiria o próprio Lighthizer pelo lado americano e o vice-premiê chinês, Liu He, principal assessor econômico do presidente Xi Jinping.

Enquanto isso, vai correndo o prazo dentro da trégua definida durante a última reunião do G-20, na Argentina…

Pelo acordo alcançado, os EUA suspenderam 200 bilhões de dólares em aumentos de tarifas previstos sobre importações chinesas até 1º de março.

Se um acordo comercial completo não estiver concluído até essa data, o governo Trump já informou que vai aumentar essas tarifas dos atuais 10 para 25 por cento…

Uma medida que autoridades chinesas temem prejudicar severamente o crescimento da economia da China, que já está enfraquecendo.

Em 2018, nada alarmou tanto o mercado quanto a disputa comercial entre EUA e China.

Junto com outros fatores, contribuiu fortemente para que as Bolsas americanas fechassem o ano no vermelho…

Lembrando que a última vez em que isso havia acontecido foi no longínquo 2008, auge da última crise financeira de grandes proporções.

Em 2019, porém, a expectativa é de que as coisas voltem a melhorar.

Para isso, é primordial que as duas maiores economias do planeta cheguem rapidamente a um acordo para encerrar de vez a guerra tarifária.

Caso contrário, os mercados correm o risco de ter um ano ainda pior, na medida em que a manutenção do conflito fatalmente intensificará a desaceleração global.

Por enquanto, tem prevalecido o otimismo com a aparente diminuição das tensões entre Donald Trump e Xi Jinping.

Por meio de seu perfil no Twitter, por exemplo, o presidente americano continua tentando convencer a população de que as coisas caminham bem…

Os participantes do mercado, contudo, já estão vacinados contra os frequentes exageros de Trump nas redes sociais…

Investidores, principalmente os grandes, com grana suficiente para movimentar os preços dos ativos, costumam ser bastante pragmáticos em suas tomadas de decisões.

Não importa se a maior autoridade do país vem a público garantir que tudo está bem…

Se os fatos não indicarem o mesmo, dificilmente algum desses megainvestidores confiará seu dinheiro apenas nas palavras de uma pessoa – por mais poder que ela tenha.

De qualquer forma, os primeiros pregões de 2019 indicam que o mercado está disposto a dar um voto de confiança ao presidente…

Verdade que as Bolsas americanas começaram o ano bastante deprimidas pela forte correção ocorrida nos meses passados…

Mas para quem esperava que 2019 fosse começar estendendo o bear market, os primeiros dias estão sendo dignos de comemoração.

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