Um banco para comprar e outro para vender, segundo analistas
Após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, o Itaú BBA revisou as expectativas dos bancos com duas recomendações opostas: compra em Banco do Brasil (BBSA3) e venda em Santander (SANB11).
Segundo analistas do BBA, o BB apresentará resultados ainda mais robustos, com lucro líquido batendo em R$ 27 bilhões neste ano, implicando em cerca de 30% de crescimento na comparação anual e acima do patamar superior da faixa de orientação do banco, entre R$ 23 bilhões e R$ 26 bilhões.
“Esperamos que tal crescimento superior, a consistência e um lucro sob patrimônio líquido de 17% para o ano fiscal de 2022 fechem gradualmente o enorme desconto de cerca de 50% que a ação tem sido negociada atualmente em relação a seus pares”, argumenta.
Além disso, o trio pontuou que não apenas os números do ano fiscal de 2022 estão sujeitos a revisões para cima, “mas também avaliamos que o BB oferece aos investidores um bom momento e maior visibilidade dos ganhos entre os grandes bancos sob nossa cobertura”.
“Isso se deve à melhor qualidade de crédito e à receita líquida de juros (NII – métrica que mede o quanto o banco ganha com a diferença entre os juros obtidos com empréstimos e pagos em depósitos), bem como a um rigoroso controle das despesas”, completa.
Para o BBA, a NII do Mercado do BB provou ser a mais previsível do setor em virtude da sua maioria de títulos pós-fixados (por exemplo, notas governamentais e corporativas).
Desta maneira, eles estimam que a NII consolidada do BB deve aumentar ao menos 15% em base anual.
“É duas vezes mais rápido em relação ao Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4), cujas NII do cliente mais elevada foram compensadas pela fraca NII do mercado”, coloca.
Venda o Santander
No caso do Santander, o Itaú BBA não só reduziu o preço como rebaixou a recomendação. Agora, os analistas esperam desempenho inferior para as ações (underperform).
Na avaliação do BBA, embora a história do Santander permaneça sólida a longo prazo, é bom evitá-lo por enquanto.
“O banco está entrando em um período de alta mais pronunciada nos NPLs (taxa de inadimplência) e, consequentemente, uma contração dos lucros mais cedo do que o esperado”, lembram.
Os analistas Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barrajard argumentam que os indicadores iniciais sugerem uma pressão crescente sobre a inadimplência no segundo trimestre.
“Dado o mix de produtos mais arriscado, o Santander provavelmente terminará o ano com um NPL consolidado de 3,6%, acima do nível pré-pandemia de 3%”, preveem.
O banco também iniciará suas renegociações em níveis mais altos e menores provisões relacionadas, acrescentam.
Para o trio, o fraco impulso dos lucros e as crescentes incertezas provavelmente manterão os múltiplos comprimidos.
Apesar desses ventos contrários, o BBA espera que o Santander ainda entregue um ROE (retorno sobre o patrimônio) de 18,5% em 2022, graças ao seu negócio de custos mais baixos e taxas mais altas
Veja o consenso de mercado dos dois bancos, de acordo com informações compiladas pela Reuters:
Santander | Banco do Brasil | |
---|---|---|
Venda | 2 | 0 |
Neutra | 9 | 1 |
Compra | 4 | 13 |
Preço-alvo médio | R$ 40,37 | R$ 48,96 |
Potencial | 20% | 30% |