BusinessTimes

Ultrapar se saiu bem com resultado, mas o que será do próximo trimestre?

14 maio 2020, 13:46 - atualizado em 14 maio 2020, 13:46
Ultracargo Ultrapar
Oxiteno, Ultracargo e Ultragaz mostraram forte resiliência no primeiro trimestre, de acordo com a Ágora (Imagem: Facebook)

Os dados financeiros reportados pela Ultrapar (UGPA3) ontem (13) surpreenderam positivamente os analistas da XP Investimentos, Ágora Investimentos e Mirae Asset.

O lucro e o Ebitda conseguiram superar as estimativas das corretoras e do consenso do mercado, tendo boa parte dos negócios do grupo registrado números sólidos.

“Oxiteno, Ultracargo e Ultragaz mostraram forte resiliência, com destaque para a Oxiteno, que ganhou com a depreciação do real e os preços mais baixos do eteno, além da Ultracargo, que entregou um novo nível de Ebitda devido às recentes expansões de terminais”, comentaram Vicente Falanga e Ricardo França, da equipe de análise da Ágora.

Em relação à Ipiranga, os impactos da covid-19 sobre os volumes da empresa já foram percebidos no período. De acordo com a Mirae, os efeitos ficarão ainda mais visíveis no segundo trimestre, mas já com sinais de recuperação gradual a partir de julho.

Apesar do bom desempenho no começo do ano, a XP acredita que é muito cedo para ficar otimista com as ações da Ultrapar.

“Em nossa opinião, ainda não está claro por quanto tempo as quarentenas em grandes centros urbanos ficarão em vigor (gerando incertezas para os resultados de curto prazo) e quais serão os impactos de médio e longo prazo atrelados a mudanças de hábitos de consumidores (como, por exemplo, em uma maior migração para um formato de home office por várias empresas)”, afirmou o analista de Energia, Petróleo & Gás, Gabriel Fonseca.

Não tão bem, mas nem tão mal também

Os volumes da Ipiranga caíram 2% na comparação anual, com uma queda de 27% nas últimas semanas de março (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

Na percepção dos analistas do BTG Pactual (BPAC11), Thiago Duarte e Pedro Soares, o resultado veio fraco em certos pontos e em linha com as projeções em outros. Eles acreditam que os números do trimestre já dão uma ideia das implicações do coronavírus sobre a Ultrapar, principalmente por parte da Ipiranga.

“Os volumes da Ipiranga caíram 2% na comparação anual, com uma queda de 27% nas últimas semanas de março. A margem Ebitda de R$ 80/m³ claramente implica em uma perda massiva de inventário em margem bruta, relacionada às quedas dos preços dos combustíveis”, pontuou o banco.

Por outro lado, a companhia não está tão mal quanto o BTG imaginava.

“A maior parte das unidades de negócio da Ultrapar não parece estar sofrendo muito. Ultragaz vivencia um pico na demanda residencial, apesar da menor procura em outros canais; a demanda da Oxiteno está se segurando, imensamente beneficiada pela depreciação do real; e tanto a Ultracargo quanto a Extrafarma parecem ter registrado impactos limitados até agora”, destacaram Duarte e Soares. Para eles, uma recuperação do setor de combustíveis também significa uma demanda próxima a níveis pré-pandemia.

Recomendações

A Ágora e a Mirae têm recomendação de compra para os papéis, sendo o preço-justo da segunda corretora de R$ 21,29.

Já a XP e o BTG são mais cautelosos, e adotaram para a empresa recomendação neutra. Os preços-alvos são de, respectivamente, R$ 15 e R$ 23.