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Última Selic de 13,75%? Cinco pontos que o Banco Central vai avaliar antes de cortar os juros

20 jun 2023, 8:30 - atualizado em 19 jun 2023, 16:30
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A expectativa é de que o Banco Central mantenha a taxa básica de juros no patamar de 13,75% ao ano, mas sinalize um corte em setembro. (Imagem: Agência Brasil)

Amanhã, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para definir o futuro da Selic. A expectativa do mercado é de que o Banco Central mantenha a taxa básica de juros no patamar de 13,75% ao ano, mas este deve ser a última manutenção antes de começarem os cortes a partir de agosto.

“Nosso cenário base considera um corte de 0,25 ponto percentual em agosto, seguido de cortes de 0,50 pp até a taxa Selic atingir 11% no final do 1º trimestre de 2024”, afirmam os economistas da XP, em relatório.

Para Julio Hegedus Netto, economista-chefe da Mirae Asset, a atenção será com o comunicado da decisão – e depois a ata – que devem sinalizar quando começa o ciclo de afrouxamento monetário.

“Tudo leva a crer que a decisão de início do ciclo de cortes da Selic deve acontecer em agosto, entre 0,25 e 0,50 pp. Tudo dependerá do comunicado pós-reunião e de possíveis mudanças no tom, na linguagem, abrindo espaço para o início do ciclo de corte da Selic, ou não”, afirma.

Ele destaca que, ao que parece as condições para o início do ciclo de corte de juros já estão mais do que dadas. No entanto, nem todo o mercado está convencido de que a Selic será reduzida logo no começo do segundo semestre, apostando em um corte em setembro. Isso porque, alguns fatores ainda deixam a autoridade monetária com um pé atrás sobre cortes nos juros.

Confira cinco pontos que o Banco Central vai avaliar antes de cortar a Selic

Inflação

O nível da inflação é o principal indicador econômico que o Banco Central acompanha, afinal, o seu papel principal é controlar a alta dos preços. Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,23%, desacelerando-se em relação à alta de 0,61% apurada em abril.

Com isso, o indicador acumulada alta em 12 meses de +3,94%, de +4,18% no mês anterior e a inflação permanece dentro do teto da meta do Banco Central para 2023, de 4,75%, pelo terceiro mês consecutivo. Para o indicador de junho, a expectativa é de deflação.

Além disso, as projeções do mercado melhoraram. Segundo os dados do Relatório Focus, já são cinco semanas seguidas que os economistas revisam para baixo as expectativas do IPCA para final de 2023.

Por outro lado, Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, aponta que a média dos núcleos de inflação segue pressionada, mas mostrou redução de 6,97% em abril para 6,45% em maio. Já a inflação de serviços, muito relevante na análise do BC, recuou de 7,49% para 6,52% no mesmo período.

“Como ambos os índices continuam em patamares acima de 6%, o Banco Central deve ser cauteloso e começar o ciclo de corte com 0,25 p.p. em agosto, podendo ser ajustado para maior, caso esses indicadores recuem com maior velocidade”, afirma.

Atividade econômica

No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) pegou o mercado de surpresa ao avançar  1,2%. Apesar de puxado pelo crescimento expressivo na Agropecuária (21,6%), os dados mostram para uma economia resiliente, mesmo com a política monetária contracionista.

“Em linhas gerais, a resiliência da atividade econômica surpreendeu, enquanto, do lado dos preços, houve continuidade do processo gradual de desinflação”, aponta Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú.

Ele lembra que, além do PIB, os indicadores de atividade referentes a março vieram acima das expectativas, com crescimento mensal de 1,1% da produção industrial, 0,9% do volume real do setor de serviços e 0,8% das vendas no varejo restrito.

Por outro lado, os dados de atividade de abril mostraram desaceleração econômica, com recuo de 0,6% da produção industrial, queda de 1,6% do volume real de serviços e estabilidade (+0,1%) das vendas no varejo restrito.

Já no mercado de trabalho, o Caged de abril apontou para a criação de 180 mil empregos formais. A taxa de
desemprego sem ajuste sazonal recuou de 8,8% em março para 8,5% em abril, mostrando um mercado de trabalho
ainda forte.

Meta da inflação

Também está no radar uma eventual mudança na meta de inflação, que será discutida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no final do mês. No início do seu mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu uma revisão para cima na meta, a fim de acelerar os cortes na Selic.

A decisão deve recair sobre a manutenção da meta de 3%, podendo adotar o sistema de “metas contínuas”, sem datas definidas. Atualmente, as metas de inflação para 2023, 2024 e 2025 são de 3,25%, 3% e 3%, respectivamente.

“Uma mudança no horizonte para o cumprimento da meta e/ou ampliação da banda de tolerância em torno dela seriam negativas. A decisão do CMN deve impactar a formação de expectativas de inflação e, em última instância, a condução da política monetária”, afirma Mesquita, do Itaú.

Rating 

Na semana passada, a agência de classificação de risco S&P Global Ratings revisou a perspectiva de rating do Brasil de estável para positiva, reafirmando o rating “BB-”. Essa classificação positiva na nota de crédito brasileira não acontecia desde 2019.

Segundo a agência de classificação de risco, o país ganhou pontos após apresentar maior certeza sobre políticas fiscais e monetárias estáveis que podem beneficiar as atuais perspectivas de baixo crescimento do PIB do Brasil.

Alexandre Augusto Gaino, professor de economia da ESPM, destaca que essa revisão da nota de crédito brasileira, somada à manutenção temporária dos juros americanos pelo Federal Reserve, contribuíram para uma eventual descida dos juros.

“A classificação positiva para o país não acontecia desde 2019. A avaliação da classificação de risco significa na percepção da agência a capacidade de o país honrar suas dívidas e os fundos de investimento buscam países com as melhores notas”, diz.

Contas públicos

Na nossa leitura, os sinais fiscais também são bem positivos. O arcabouço fiscal deve ser votado nesta terça-feira (20), na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Como foram feitas mudanças na proposta, o texto voltará à Câmara, para ser debatido.

“As autoridades monetárias avaliaram que a apresentação de uma proposta de arcabouço contribuiu para reduzir parte da incerteza da política fiscal, afastando cenários extremos de crescimento da dívida pública. No entanto, voltaram a alertar que não há relação mecânica entre a aprovação do arcabouço fiscal e a convergência da inflação”, afirma Mesquita.

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