Internacional

UE aumenta pressão sobre o Brasil devido a incêndios na Amazônia

23 ago 2019, 11:12 - atualizado em 23 ago 2019, 11:12
Fumaça decorrente de incêndios na Amazônia clareia céu na região de Humaitá, no Amazonas
Bloco europeu pressiona governo Bolsonaro diante da escalada de incêndios na maior floresta tropical do planeta (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

A União Europeia aumentou a pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) nesta sexta-feira por conta dos incêndios que vêm devastando a Bacia Amazônica, com a Irlanda e a França dizendo que podem travar o acordo comercial do bloco com a América do Sul.

Bolsonaro rejeitou o que chama de interferência estrangeira em assuntos domésticos do Brasil, onde vastos trechos da floresta tropical da Amazônia estão em chamas durante a conhecida como estação das queimadas. O presidente disse que o exército poderá ser enviado para ajudar a combater os incêndios.

Ambientalistas culparam o desmatamento pelo aumento dos incêndios e acusaram o presidente de afrouxar os mecanismos de proteção da floresta tropical, que é considerada crucial no combate à mudança climática global.

O gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron, disse que Bolsonaro mentiu quando minimizou as preocupações com a mudança climática na cúpula do G20 no Japão em junho e que, diante disso, a França se oporá ao acordo firmado entre a UE e o Mercosul, composto por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, disse que o país votará contra o acordo de livre comércio a menos que o Brasil adote ações para proteger a floresta tropical.

Varadkar se disse muito preocupado com os níveis recordes de destruição da floresta tropical e que seu governo monitorará atentamente as ações ambientais do Brasil nos dois anos necessários para a ratificação do pacto com o Mercosul.

“A Irlanda não votará de jeito nenhum a favor do Acordo de livre comércio entre UE e Mercosul se o Brasil não honrar seus compromissos ambientais”, disse ele em um comunicado.

A Irlanda e a França precisarão de outros países da UE para formar uma minoria suficiente para bloquear o acordo, fechado em junho, depois de 20 anos de negociações.

Mas o governo irlandês está sendo pressionado a defender seus pecuaristas, que já sofrem com a saída iminente do Reino Unido da UE e os preços baixos, procurando fazer com que as nações do Mercosul não inundem o mercado com carne bovina mais barata.

Mas o braço executivo da UE, a Comissão Europeia, alertou contra o acordo, dizendo que isso pode ajudar a pressionar o Brasil.

“Esta é a melhor maneira de criar compromissos vinculantes legais com os países que queremos que respeitem nossos padrões ambientais”, disse a porta-voz da Comissão, Mina Andreeva. “A melhor ferramenta que temos é acordo entre UE e Mercosul.”

Ela acrescentou que o texto incluirá mecanismos punitivos a serem usados casos certas condições relacionadas ao clima não sejam atendidas.

A Finlândia, que atualmente ocupa a presidência rotativa do bloco, sugeriu uma proibição às importações de carne bovina brasileira. O primeiro-ministro Antti Rinne disse que os incêndios são “uma ameaça para todo o nosso planeta, não apenas para o Brasil ou a América do Sul.”

“Precisamos descobrir se os europeus têm algo a oferecer ao Brasil para ajudar a evitar esse tipo de incêndio no futuro”, acrescentou.

O ministro das Finanças da Finlândia disse que levantará a questão com seus colegas da UE em uma reunião em Helsinque em 13 e 14 de setembro.

Os líderes das economias mais avançadas do mundo também devem discutir o assunto quando se encontrarem para a cúpula do G7 na França neste final de semana.

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