Ucrânia vs Rússia: O Brasil pode ficar sem fertilizantes?
Os agricultores brasileiros enfrentam problemas para comprar fertilizantes para o plantio da próxima safra de soja após a invasão da Ucrânia pela Rússia, mais um problema para os produtores que já enfrentam alta de custos.
No Brasil, o maior importador de fertilizantes do mundo, os produtores costumam comprar os produtos meses antes do início da época de plantio para travar parte dos custos. Com a guerra na Ucrânia, grandes fornecedores de fertilizantes e revendas de insumos suspenderam cotações de preços de nutrientes agrícolas.
O Brasil, que lidera as exportações mundiais de soja, café e açúcar, precisa importar cerca de 80% de sua demanda de fertilizantes. Isso é importante para os mercados em todo o mundo porque as perspectivas de disponibilidade reduzida de nutrientes agrícolas e o aumento dos custos podem piorar as expectativas para a inflação de alimentos.
“Esta situação está dificultando o planejamento dos agricultores para a próxima safra”, disse Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Aprosoja. “É mais um desafio para nós, que já temos enfrentado aumento de custos.”
Os preços dos alimentos devem subir em decorrência da invasão da Ucrânia pela Rússia, disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a repórteres na quarta-feira. Embora o país tenha estoque suficiente até outubro, quando a plantação da próxima safra começa, a situação é preocupante, afirmou.
A ministra viajará ao Canadá em 12 de março para discutir o fornecimento de potássio e está avaliando aumentar as importações de uréia do Irã, disse a ministra. O governo anunciará um plano nacional para aumentar a produção de fertilizantes em 20 de março, segundo ela.
Com a falta de referência de preços e datas de entregas dos principais fornecedores, as vendas de estoques pelas revendas também estão praticamente paralisadas, de acordo com Marina Cavalcante, analista da Green Markets da Bloomberg.
O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) alertou que a invasão da Ucrânia pela Rússia aumenta o risco de aumento de preços e escassez de fertilizantes, dada a alta dependência que o Brasil tem das importações de potássio de ambos os países, segundo comunicado.