Ucrânia pode perder US$ 6 bi em exportações de grãos com portos bloqueados
A Ucrânia enfrenta uma possível perda de receita de grãos de 6 bilhões de dólares, uma vez que o bloqueio de seus portos pelas forças russas a impede de embarcar milhões de toneladas de trigo e milho que tinham sido destinados à exportação até junho, disse um representante da indústria.
Grande produtora de grãos e oleaginosas, a Ucrânia exporta 98% de seus cereais por meio de portos e apenas uma fração por via férrea, onde os custos são mais altos.
Mas com navios de guerra russos na costa sul da Ucrânia impedindo que navios de carga deixem os portos, incluindo o principal centro de Odesa, no Mar Negro, as exportações de grãos praticamente pararam desde o início da guerra em 24 de fevereiro.
Autoridades marítimas ucranianas disseram que os combates deixaram cerca de 100 navios de bandeira estrangeira presos nos portos do país.
“Temos uma perda potencial de 6 bilhões de dólares”, disse à Reuters o presidente da Associação Ucraniana de Grãos, Mykola Gorbachev.
Ele afirmou que o país tem cerca de 20 milhões de toneladas de trigo e milho ainda para exportar da temporada 2021/22, que termina em junho, a um preço médio de cerca de 300 dólares por tonelada.
Gorbachev acrescentou que não havia como a Ucrânia transportar esse tipo de volume por trem, já que a ferrovia conta com uma capacidade de movimentação de cerca de 600.000 toneladas por mês, um décimo do que os portos movimentavam antes da guerra.
A Ucrânia exportou cerca de 27 bilhões de dólares em produtos agrícolas em 2021, representando cerca de metade de sua receita total de exportação.
“Agora estamos perdendo este setor”, disse Gorbachev.
A consultoria APK-Inform estimou nesta segunda-feira que a Ucrânia deve exportar apenas 200 mil toneladas de trigo entre março e junho, em função do bloqueio nos portos do Mar Negro.
O país foi o quarto maior exportador de grãos do mundo na temporada 2020/21, enquanto a Rússia ficou em terceiro lugar, segundo dados do Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês). Os dois países juntos responderam por 22% das exportações globais.