UBS vê queda de bolsas dentro dos padrões e fundamentos mantendo tendência de alta
Por Arena do Pavini
Depois de 19 meses sem uma queda superior a 5% em uma semana, o Índice Standard & Poor’s 500, da Bolsa de Nova York, caiu somente ontem 4,1%, acumulando em seis dias uma perda de 7,8%. Mas, embora a velocidade de queda do mercado de ações tenha surpreendido, perdas dessa magnitude não são incomuns, diz o banco suíço UBS em relatório aos clientes. Ao longo dos últimos 40 anos, as ações dos EUA tiveram uma média de 10,6% de queda dos picos aos vales durante períodos de mercado altista. E os fundamentos econômicos positivos, de crescimento global acima da média recente e lucratividade das empresas em alta, permanecem intactos, lembra o banco, citando indicadores divulgados ontem.
“Tanto que, em meio à onda de vendas de ações ontem, soubemos que o Índice de Gerentes de Suprimento (ISM na sigla em inglês) não industrial dos Estados Unidos subiu para 59,9, mais do que o esperado, com aumento das novas encomendas e de emprego, sugerindo que o impulso de crescimento permanece forte”, diz o relatório. E não só nos Estados Unidos. No Japão, o Índice dos Gerentes de Compras (PMI) de serviços atingiu o maior nível em três meses e o PMI do setor de serviços da China atingiu o nível mais alto em seis anos.
Fed não provocaria recessão
Para o UBS, os riscos de o Federal Reserve (Fed, banco central americano) aumentar as taxas de juros muito rapidamente, desencadeando uma recessão nos EUA nos próximos dois anos, parecem muito baixos. O banco lembra que o retorno médio do Índice Standard & Poor’s 500 em anos não recessivos desde 1960 foi de 15%. Além disso, apesar dos últimos saltos de volatilidade (o VIX, indicador de oscilação do S&P 500, subiu mais de 90% esta semana), o S&P 500 tem registrado ganhos em 87% dos pregões nos últimos 12 meses, com um retorno médio de 22%.
Volatilidade deve continuar com zeragens e chamadas de margens
“Dito isto, é provável que os mercados permaneçam voláteis no curto prazo”, conclui o relatório do UBS. Um declínio de um dia tão acentuado quanto o de segunda-feira poderia também forçar a venda automática de papéis, uma vez que algumas estratégias são forçadas a reduzir posições e outros investidores enfrentam as chamadas de margem, que os obrigam a aumentar as garantias dadas para as bolsas e bancos. Essas vendas podem ocorrer antes que investidores de longo prazo, como fundos de pensões, comecem a reequilibrar e a comprar aproveitando o mergulho dos preços.
Pessoa física deve diversificar e rebalancear suas carteiras
Para os investidores pessoa física, a diversificação do portfólio é sempre primordial, lembra o UBS. O rali dos títulos do Tesouro dos EUA reforça a tese de evitar concentrações e de manter ativos não correlacionados com ações. Os investidores devem considerar rebalancear suas estratégias se as alocações de sua carteira se afastaram de seus limites. “Embora a volatilidade possa persistir no curto prazo, continuamos confiantes de que o mercado de alta permanece intacto” diz UBS. “Podemos ter mudado de ‘atrasados para uma realização de lucros’ para ‘próximos de um exagero’ com esta mais recente reviravolta técnica.”