UBS eleva recomendação para Azul e Gol, mas vê risco em acordo com BNDES
O UBS elevou a recomendação para as ações da Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) de venda para neutra, com o argumento de que a recente enxurrada de vendas dos papéis já cumpriu sua função.
Segundo relatório obtido pelo Money Times e assinado por Rogerio Araujo, Alberto Valerio e Andressa Varotto, o preço-alvo das aéreas brasileiras também foi revisto. O da Azul caiu de R$ 43,10 para R$ 17,40. O da Gol, de R$24,40 para R$ 12.
As cifras referem-se ao cenário básico do UBS para os desdobramentos do coronavírus, ou seja, uma recuperação em “U” da economia. Nesse modelo, após uma queda acentuada neste ano, a economia cresceria lentamente por algum tempo, antes de se recupera por completo.
O UBS mostra-se simpático à ideia de o BNDES socorrer as companhias aéreas, cuja situação piorou bastante desde a eclosão da pandemia de coronavírus, e estima que a Azul e a Gol possam conseguir cerca de R$ 3 bilhões cada uma.
Diluição
O problema, segundo o UBS, é o tipo de acordo que o BNDES fechará com as empresas. Entre as condições em discussão, está a possível conversão de debêntures em ações. Se a ideia for adiante, o UBS afirma que o potencial de ganho para os atuais acionistas será limitado, já que a base acionária poderá ser diluída.
Os analistas afirmam que a relação risco-retorno da Azul está “bem balanceada”, com os papéis atualmente negociados por um preço justo, desde que o cenário básico seja cumprido – isto é, a curva em “U” da economia.
O grande risco, para o UBS é se a reação da economia for mais fraca do que se pensa, caracterizando uma curva em “L”, em que o PIB cai e fica estagnado por alguns anos. Nesse caso, o caixa da Azul poderia acabar no quarto trimestre deste ano, e sua sobrevivência dependeria de novas linhas de crédito.
Limite
Nesse caso, o UBS antevê que o dinheiro novo seria consumido até o fim de 2022, quando a companhia necessitaria de mais aportes, da ordem de R$ 2 bilhões.
A situação da Gol é mais confortável, e o trio de analista destaca “a forte posição do caixa no 4T19”, com R$ 2,9 bilhões, incluindo a Smiles (SMLS3), operadora de planos de fidelidade controlada pela companhia.
Mas, caso a crise se aprofunde e o Brasil demore mais para se recuperar (curva em “L”), a empresa esgotaria seu caixa no fim de 2022. Nessa hipótese, a Gol necessitaria de uma injeção de R$ 1,3 bilhão.