UBS eleva projeção para o dólar no fim do ano de R$ 3,50 para R$ 3,70
O dólar já bateu em R$ 4,20, mas o UBS acha que essa alta é passageira e que a moeda americana vai recuar até o fim do ano. O banco suíço aumentou, porém, a estimativa para o dólar em dezembro, de R$ 3,50 para R$ 3,70, conforme relatório assinado pelo economista Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central (BC).
Os cálculos levam em conta as principais variáveis que impulsionam o real: o resultado de conta corrente externa e fluxos financeiros, termos de troca, dados do balanço de pagamentos, reservas internacionais e intervenção do Banco Central no mercado. O banco suíço também analisou o desempenho relativo do real em relação a outros mercados emergentes e suas moedas, modelos de volatilidade, posicionamento e avaliação.
Segundo Volpon, há uma forte relação defasada entre o nível da conta corrente do país (ou seja, seu resultado comercial e de serviços com o exterior), e a taxa de câmbio real. Ultimamente, essa relação se enfraqueceu, sugerindo uma taxa de câmbio real mais fraca ou níveis de crescimento mais fortes que levariam a conta corrente a um déficit.
Os fluxos líquidos melhoraram depois da redução ocorrida após o BC brasileiro reduzir os juros locais que levaram os estrangeiros a reduzirem aplicações em títulos brasileiros de 2016 a 2017.
Os termos de troca, ou seja, os preços de produtos exportados pelo país, após uma tendência de queda de quatro anos, melhoraram a partir de 2016 e agora estão estáveis. Os volumes de importação tiveram alguma melhora com o fim da recessão, mas ainda estão em níveis deprimidos, o que ajuda no resultado comercial do país.
Após uma deterioração de três anos e um déficit em 2014, a balança comercial registrou uma melhora de quase 6% do PIB desde 2015, em grande parte devido à recessão de 2014, explica Volpon. E, apesar da recessão, os fluxos de investimento estrangeiro direto (IED) permaneceram fortes mesmo quando os fluxos financeiros globais enfraqueceram.
O economista do UBS nota que o real teve um desempenho abaixo do esperado em relação a 2017, tanto em relação aos demais países emergentes quanto em relação a outros mercados de ativos brasileiros, com um dólar mais baixo no exterior e um menor ganho dos estrangeiros com os juros locais, levando a saídas financeiras.
E as coisas não são muito melhores em 2018, avalia Volpon. Este ano, após um começo de ano positivo, o real sofreu em conjunto com os mercados emergentes, uma vez que as condições financeiras globais se estreitaram e os riscos eleitorais se manifestaram mais cedo do que o esperado.
Para o UBS, o real nos níveis atuais está barato, ou seja, o dólar está caro, usando como referência modelos que medem a relação entre a conta corrente e as entradas de capital. O real estaria cerca de 7% mais barato que o valor justo. Já outro modelo, que explora a correlação entre o real nominal, os termos de troca e os diferenciais relativos de rendimento, mostram o real ainda mais barato, cerca de 11,5% menos que o valor justo.
O UBS acredita, porém, que os medos relacionados com a eleição elevaram a volatilidade e criaram um prêmio de risco que vai se manter até o fim de outubro, e que podem subir ainda mais. No fim de outubro, o UBS diz que acredita que a incerteza vai diminuir, mas não totalmente, uma vez que o mercado ainda terá dúvidas sobre o governo recém-eleito e sua capacidade de aprovar as reformas necessárias para o ajuste fiscal. Mas a queda da incerteza já permitiria uma redução de 22% no risco-Brasil por mês, o que permitira estimar um dólar comercial em torno de R$ 3,70, mais alto que os R$ 3,50 que o banco trabalhava antes. Para 2019, a projeção passou para R$ 3,6, contra R$ 3,45 antes.