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UBS dobra oferta para levar (e salvar) Credit Suisse, diz Financial Times

19 mar 2023, 15:04 - atualizado em 19 mar 2023, 15:15
UBS
Agora, o UBS pagará 0,50 por ação para o banco, antes em 0,25, mas ainda muito abaixo da cotação do Credit Suisse  (Imagem: REUTERS/Arnd Wiegmann)

O UBS cedeu e concordou em elevar a proposta para comprar o Credit Suisse por US$ 2 bilhões após pressão de acionistas que estariam insatisfeitos com o baixo valor, informou o Financial Times. O acordo de ações entre os dois maiores bancos da Suíça deve ser anunciado no domingo à noite.

Agora, o UBS pagará 0,50 por ação para o banco, antes em 0,25, mas ainda muito abaixo da cotação do Credit Suisse da última sexta-feira, em 1,86 fracos suíços.

Além disso, segundo o FT, o Swiss National Bank, autoridade monetária da Suíça, concordou em oferecer uma linha de liquidez de US$ 100 bilhões ao UBS como parte do acordo.

O Federal Reserve dos EUA deu seu consentimento ao acordo, acrescentaram. As autoridades suíças também estão prontas para mudar as regulação do país para evitar votação de acionistas.

As autoridades têm corrido para resgatar o banco de 167 anos, um dos maiores gestores de fortunas do mundo, depois de uma semana brutal que observou segunda e terceira maiores falências de bancos dos Estados Unidos na história.

Como um dos 30 bancos globais vistos como sistemicamente importantes, qualquer acordo com o Credit Suisse pode repercutir nos mercados financeiros globais.

Se a aquisição falhar, a Suíça está considerando assumir o banco integralmente ou manter uma participação significativa de capital próprio, noticiou a Bloomberg.

Gigante financeiro dos Estados Unidos, a BlackRock disse que não tem planos ou interesse em uma oferta rival pelo Credit Suisse, enquanto a Bloomberg noticiou que o Deutsche Bank estava analisando a possibilidade de comprar alguns dos ativos do banco.

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Qual o tamanho do problema do Credit Suisse?

Os problemas do Credit Suisse não surgiram do nada. O banco suíço, junto ao Deutsche Bank e alguns bancos italianos, carrega riscos desde o fim da última crise financeira global, que atingiu a Europa com mais força entre os anos de 2011 e 2012.

A estrutura inchada do banco, calcada em ativos de baixa liquidez, colocaria o Credit Suisse em uma situação delicada em caso de qualquer corrida bancária. Uma série de boatos sobre a saúde financeira do banco divulgados ao longo do ano passado deu as exatas condições para que ocorresse justamente isso.

“Para quebrar um banco, basta um boato”, comenta William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue. Somente em 2022, as ações do Credit Suisse negociadas em Nova York desabaram 30%; em 5 anos, essa queda é de 80%. Hoje a instituição tem um valor de mercado de US$ 10 bilhões.

Para tentar conter a sangria em torno da retirada de recursos, o conselho executivo correu para o mercado em busca de uma capitalização, prometendo um plano de reestruturação e maior rigidez nas regras de conformidade.

E conseguiu. Com ajuda do SNB, o Credit levantou US$ 4.2 bilhões, ajudando a acalmar preocupações do mercado. Mas qualquer tranquilidade veio abaixo com o colapso ‘gêmeo’ do SVB e do Signature no fim de semana passado, gerado, em última instância, por questões semelhantes àquelas enfrentadas pelos suíços.

“Se o banco não reverter as saídas de recursos, e não restaurar a quantidade de ativos sob gestão, o efeito adverso pode levar a uma situação mais extrema”, avalia o estrategista-chefe da Avenue. Castro Alves também destaca que a liquidez do banco permanece próxima ou até abaixo de níveis estabelecidas por reguladores.

Com Reuters e Jorge Fofano