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UBS cresce em gestão de fortunas na América Latina em “flight to quality”

13 jun 2020, 9:00 - atualizado em 10 jun 2020, 18:57
UBS
O UBS está pronto para contratar talentos e não descarta aquisições e parcerias para ganhar participação de mercado (Imagem: Reuters/Arnd Wiegmann)

O UBS Group disse que seus negócios de gestão de fortunas na América Latina atraíram novos clientes e recursos adicionais dos clientes existentes em um movimento de “flight to quality“ em meio à pandemia do coronavírus.

O ingresso líquido de fortunas dos indivíduos latino-americanos aumentou 11 vezes nos primeiros quatro meses de 2020 em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o banco, que tem sede em Zurique e não forneceu números específicos.

O UBS está pronto para contratar talentos e não descarta aquisições e parcerias para ganhar participação de mercado, disse Sylvia Coutinho, responsável pela área de Wealth Management do UBS na região, em entrevista.

“A crise mostrou a resiliência de nossas estratégias de investimento e fez as pessoas separarem o joio do trigo”, disse Sylvia. “Nosso objetivo de assumir a primeira posição na América Latina está agora muito mais próximo.”

O UBS não divulga qual o total em fortunas sob gestão na região, mas, em uma apresentação para investidores no ano passado, disse que o número era de 108 bilhões de francos suíços (US$ 114 bilhões). O JPMorgan, número 1 na região, tem US$ 140 bilhões, segundo o banco americano.

O UBS possui 1.200 funcionários dedicados a 35.000 clientes de private banking na América Latina, incluindo 570 assessores de investimento. Os clientes da região podem investir no banco nos EUA, em Nova York, Miami, Houston, San Diego e Coral Gables, Flórida, e também em Zurique, Genebra, Hamburgo e Londres.

O UBS anunciou um acordo com o Banco do Brasil para criar uma parceria para banco de investimento e corretora institucional na América do Sul (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

“A presença nos EUA é importante e nos diferencia de muitos concorrentes, porque, desde os programas de anistia fiscal na América Latina, o país tornou-se de longe o mais importante local de destino de fortunas de clientes da região”, disse Sylvia, acrescentando que alguns países têm mais de 70% das fortunas pessoais investidas no exterior.

Cerca de US$ 200 bilhões em riqueza vieram à luz na última década, depois que governos na Argentina, Brasil, Colômbia, México e Chile permitiram que os cidadãos declarassem recursos mantidos fora de seus países de origem, aplicando apenas multas mínimas e com incentivos fiscais.

Como parte de seu crescimento na região, o UBS contratou Eliza Pepper como chefe de soluções de assessoria e planejamento de patrimônio na América Latina. Ela fica em Nova York e se reporta a Sylvia. Eliza foi ex-diretora de investimentos da XP Advisory EUA e presidente do seu comitê de alocação global de recursos. Ela trabalhou anteriormente no Citigroup Private Bank.

O UBS criou uma unidade de gestão de fortunas dedicada à América Latina em janeiro de 2018 e há espaço para mais integração, disse Sylvia. O banco comprou a Consenso Investimentos, a maior family office independente do Brasil, em 2017. A maior parte da fortuna dos brasileiros é investida internamente no país.

Em novembro, o UBS anunciou um acordo com o Banco do Brasil (BBAS3) para criar uma parceria para banco de investimento e corretora institucional na América do Sul. A joint venture, que ainda precisa de aprovação do Banco Central do Brasil, vai operar no Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai.

“Essa joint venture vai nos ajudar a ficar mais próximos aos principais empreendedores da região e a crescer ainda mais”, disse Sylvia.