UBS avalia aquisição da gestora de recursos do Banco do Brasil
O UBS está entre os interessados em adquirir a gestora de fundos do Banco do Brasil (BBAS3), a BB DTVM, disseram pessoas com conhecimento direto do assunto.
O negócio deve sofrer atraso com a mudança de presidente do banco, que vai precisar assinar a venda, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas, pois o assunto não é público.
Participaram das conversas empresas como Franklin Templeton e BlackRock Inc, com o Rothschild & Co contratado para assessorar o Banco do Brasil, segundo as pessoas.
Os termos propostos dariam ao parceiro o controle sobre o negócio, embora diversas estruturas estejam sendo avaliadas, segundo as pessoas. A ideia é buscar investidores internacionais para evitar concentração de mercado.
Fausto de Andrade Ribeiro foi nomeado para assumir as rédeas do maior banco estatal do Brasil na última quinta-feira e a venda da gestora será seu primeiro desafio.
A BB DTVM tem mais de R$ 1,2 trilhão de ativos sob gestão, o que a coloca em primeiro lugar no ranking do país. O UBS já tem uma parceria com o BB em banco de investimento na América do Sul e corretagem no Brasil, além de um acordo comercial com o Banco Patagônia, na Argentina.
O Banco do Brasil, o UBS, o BlackRock, o Franklin Templeton e o Rothschild não quiseram comentar.
André Brandão, presidente do Banco do Brasil que renunciou na semana passada e priorizou a venda, desistiu de sua função depois de entrar em choque com o presidente Jair Bolsonaro por causa de medidas de austeridade.
Os investidores agora questionam se Ribeiro, que está no Banco do Brasil há mais de 20 anos, vai dar continuidade à agenda de Brandão, que incluía a venda de ativos, ou pará-la de vez.
A troca de CEO “pode criar incerteza em torno da estratégia do banco para oferecer melhorias de eficiência”, escreveram os analistas do Goldman Sachs liderados por Tito Labarta em uma nota aos clientes.
O Banco do Brasil faturou mais de R$ 6,85 bilhões com o negócio de gestão de fundos de investimento no ano passado, um aumento de 7,2% em relação a 2019, segundo seu balanço.
Navegar na política é outro desafio que Ribeiro enfrentará. O executivo, pós-graduado em Economia pela George Washington University, ingressou no Banco do Brasil em 1988 e já ocupou diversos cargos no banco, como diretor executivo de canais terceirizados e responsável pelas unidades na Espanha e no Marrocos.
“Fausto de Andrade Ribeiro é um candidato qualificado devido ao seu sólido histórico dentro do banco”, escreveram analistas do Citigroup liderados por Jorg Friedemann em um relatório. “Apesar disso, a notícia repercute mal no Banco do Brasil, embora já esperada, pois demonstra uma clara interferência política.”