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Uber revela 3 mil queixas de agressão sexual nos EUA em 2018

07 dez 2019, 14:05 - atualizado em 06 dez 2019, 8:30
Clientes nos EUA fizeram cerca de 1,3 bilhão de viagens no ano passado, segundo o Uber

O Uber identificou mais de 3 mil denúncias de agressões sexuais envolvendo motoristas ou passageiros em sua plataforma nos Estados Unidos no ano passado, parte de uma extensa e aguardada avaliação em resposta a questões de segurança pública.

A empresa de transporte por aplicativo divulgou um relatório sobre segurança de 84 páginas na quinta-feira, buscando quantificar a má conduta e as mortes que ocorrem em seu sistema e argumentar que seu serviço é mais seguro do que outros no mercado.

Clientes nos EUA fizeram cerca de 1,3 bilhão de viagens no ano passado, segundo o Uber. Cerca de 50 pessoas morreram anualmente em colisões de veículos do Uber nos últimos dois anos, a uma taxa que equivale a cerca da metade da média nacional de mortes causadas por acidentes com automóveis, de acordo com a empresa.

Nove pessoas foram mortas devido a agressões físicas no ano passado, disse o Uber.

Motoristas do Uber relataram quase tantas acusações de agressão sexual quanto os passageiros, que fizeram 56% das reclamações. Há poucos dados comparáveis sobre agressões em táxis ou outros sistemas de transporte, e especialistas argumentam que os ataques, em grande parte, não são denunciados.

As queixas de agressões relatadas ao Uber variaram de beijos indesejados à penetração forçada.

“O Uber é muito um reflexo da sociedade”, disse Tony West, diretor jurídico do Uber, que ajudou a coordenar a iniciativa da pesquisa de dois anos. “O fato triste e infeliz é que a violência sexual é mais predominante em nossa sociedade do que as pessoas pensam. As pessoas não gostam de falar sobre esse assunto.”

O Uber havia se comprometido há mais de um ano em divulgar um estudo sobre segurança, uma promessa feita pela Lyft logo depois.

A Lyft, a segunda maior empresa de transporte por aplicativo dos EUA, ainda não publicou um relatório. Na quinta-feira, o Uber informou que vai compartilhar regularmente dados com a Lyft e com outras empresas sobre motoristas acusados de falhas graves de segurança e continuar publicando relatórios de segurança a cada dois anos.

Nos EUA, o Uber tem enfrentado um fluxo constante de reclamações na Justiça devido à má conduta de motoristas, e a Lyft recentemente observou uma onda de processos abertos por passageiros.

O Uber recebeu reclamações semelhantes em outros países. Em 2017, a empresa foi processada por uma mulher que alegou que altos executivos violaram sua privacidade depois de um suposto estupro por um motorista do Uber na Índia.

Mas defensores de vítimas de violência sexual consideraram a decisão de divulgar os dados um divisor de águas.

“É realmente sem precedentes para uma empresa coletar esse tipo de dados sistemáticos ao longo do tempo e depois compartilhá-los com o público”, disse Karen Baker, presidente do National Sexual Violence Resource Center, que assessorou o Uber no estudo. Segundo Baker, outras empresas do setor de hospitalidade e transporte nos EUA deveriam seguir o exemplo.

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