Turismo

Turismo: Vale a pena viajar para a Argentina com a cotação atual do peso?

24 ago 2023, 14:45 - atualizado em 24 ago 2023, 14:45
Argentina
A Argentina é uma opção de destino para as férias de muitos brasileiros que buscam fazer compras pela variedade de moedas (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian)

Com a situação atual do peso, a moeda da Argentina, entra a dúvida sobre ser vantajoso ou não aos brasileiros viajarem ao país. O chefe de mesa de câmbio da Planner, Douglas Ferreira, avalia que existe, sim, uma vantagem para os turistas que ainda não conhecem o país.

“Com as sucessivas desvalorizações da moeda argentina, há uma desorganização na economia, em que os agentes econômicos não conseguem precificar os produtos e serviços de forma adequada por conta destes eventos. Isso possibilita aos brasileiros, com pouco dinheiro (reais ou dólares), fazerem compras e irem em bons restaurantes”, disse.

Porém, Ferreira ressaltou que a situação da Argentina é preocupante, visto que os recentes dados de inflação do país foram de 6,3% em julho, 60,2% no ano e 113,4% nos últimos 12 meses.

“O cenário é de uma desvalorização maior, dado os últimos eventos ocorridos, como as primárias das eleições presidenciais sinalizando a possível eleição de um candidato de oposição ao governo atual, com projetos que causam certa preocupação no mercado, como a extinção do Banco Central e dolarização da economia pode gerar uma crise ainda maior.”

Além disso, a Argentina é a maior devedora do Fundo Monetário Internacional (FMI), com um empréstimo de US$ 44 bilhões.

Mercados paralelos são uma alternativa?

Com a desvalorização, um dólar passou a valer 350 pesos na cotação oficial, enquanto no mercado paralelo, o dólar blue está cotado acima de 600 pesos.

Dessa forma, apesar de aparentar ser vantajosa, ainda é necessário ponderar a ideia de optar pelo dólar blue, avalia o especialista da Planner.

“O brasileiro que for adquirir pesos argentinos tem que tomar cuidado pois na argentina existem dois mercados de câmbio: o oficial e o chamado ‘blue’, que é um mercado paralelo, não fiscalizado pelo Banco Central local. Este último, muito mais vantajoso. Porém, há o risco de se adquirir notas falsas neste mercado”, apontou Ferreira.

Argentina é o destino favorito dos brasileiros?

Apesar da oscilação do câmbio, o que confunde os turistas na hora de trocar o dinheiro, o país atrai muitos brasileiros que querem fazer compras no exterior, por ser o único do mundo que tem pelo menos dez tipos de conversão da moeda. No primeiro trimestre de 2022, dos 2,5 milhões de viajantes na Argentina, 22% foram turistas brasileiros.

Dependendo do setor, as restrições e tributos criaram cotações para diferentes segmentos da economia. Dessa forma possuindo o dólar comercial, paralelo e de turismo, além dos câmbios para “vinho”, “trigo” e “Bolsa”, por exemplo.

Outra via, é o dólar MEP, que é usado pelo mercado financeiro — cartões de crédito, débito e internacionais — e, normalmente, tem um valor inferior ao blue, no qual vale o dobro do dólar normal, e tem sido uma opção bem utilizada pelos turistas.

Como trocar dinheiro na Argentina?

Uma das maneiras mais seguras, é sacar dinheiro por companhias com transações legalizadas, como a Western Union. Nela é possível realizar transferências em reais, para serem sacados em uma loja física na Argentina, utilizando o aplicativo ou o site da companhia para o processo.

Apesar das taxas, essa opção costuma vale mais a pena do que o processo em casas de câmbio paralelas. Outras alternativas são a Wise e Remessa Online, com diferentes taxas.

Caso a transação seja feita de dólar para peso, é possível realiza-la em agências do Banco de la Nación Argentina, pela cotação MEP, sendo necessário apenas comprovar ser um turista estrangeiro.

Realizar muitas conversões pode significar a perda de altas quantias em dinheiro, então uma dica, é também levar algum dinheiro em real se o destino for um cidade grande, como Buenos Aires e Bariloche. Já em cidades menores, o dólar segue sendo a melhor opção.

Cartão de crédito é uma opção?

Uma opção prática, mas não recomendada, é o uso do cartão de crédito. Além de se tornar inutilizável em alguns estabelecimentos que só aceitam dinheiro vivo, também obtém o empecilho de qualquer compra realizada por ele, estar sujeita à cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 5,38%.

Ainda assim, o governo argentino permitiu em novembro de 2022, que a Mastercard e Visa ofereçam aos viajantes uma taxa de câmbio que quase dobra seu poder de compra, e que usem taxas de câmbio semelhantes às oferecidas no mercado paralelo. Dessa forma, as transações da Mastercard aumentaram 25% no início daquele mês, segundo o Banco Central.

Apesar de cada administrador fazer uma cobrança inferior a 4%, os titulares de cartões emitidos no exterior, também podem obter 325 pesos por dólar.

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