Turismo em Hong Kong tem maior queda desde crise de Sars em 2003
Os protestos em Hong Kong, agora em sua 15ª semana, atingiram em cheio o setor de turismo da cidade, causando o pior impacto desde a epidemia de Sars (sigla em inglês para Síndrome Respiratória Aguda Grave) em 2003.
As chegadas de turistas na cidade caíram quase 40% em agosto em relação ao ano anterior, segundo dados do secretário financeiro Paul Chan em um blog no domingo.
Essa é a maior queda anual do número de visitantes desde maio de 2003, quando as chegadas despencaram quase 70% em meio ao surto da doença que matou centenas de pessoas na cidade, de acordo com dados compilados pela Bloomberg com informações do Departamento de Turismo de Hong Kong.
“As questões sociais nos últimos meses, especialmente os contínuos confrontos violentos e o bloqueio de aeroportos e estradas, afetaram seriamente a imagem internacional de Hong Kong como uma cidade segura”, disse Chan em seu post, escrito em chinês tradicional. “O mais preocupante é que a situação não deve mudar no futuro próximo.”
Os setores de turismo, varejo e hotelaria da cidade foram particularmente atingidos, disse Chan. As taxas de ocupação dos hotéis em alguns distritos caíram em mais da metade, enquanto os preços das diárias diminuíram de 40% a 70%. Muitas reuniões e viagens de negócios foram adiadas ou transferidas para outros lugares, afirmou.
Os protestos, que começaram com uma oposição a um projeto de lei de extradição e escalaram para um desafio mais amplo contra a autoridade de Pequim, causaram um impacto crescente na economia da cidade. As vendas no varejo caíram 11,4% em julho em valor, o primeiro mês inteiro afetado pelos protestos, enquanto a confiança entre pequenas empresas diminuiu para níveis recordes.
A economia geral de Hong Kong encolheu 0,4% no segundo trimestre em relação ao período anterior, aumentando a perspectiva de uma recessão técnica.
Os protestos mostram poucos sinais de resolução, apesar da decisão da chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, na semana passada de retirar formalmente o projeto de extradição que provocou os protestos.
Com base em dados turísticos de agosto de 2018, uma queda de 40% resultaria em cerca de 3,5 milhões de visitantes, o nível mais baixo em mais de sete anos.