Turbulência financeira ofusca planos de alta de juros do BCE
Os formuladores de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) se reúnem nesta quinta-feira em meio a turbulências nos mercados financeiros que podem forçá-los a se desviar dos planos de outro forte aumento das taxas de juros devido a temores de uma nova crise financeiro, mesmo com a inflação elevada.
Depois de aumentar os juros desde julho em seu ritmo mais rápido já registrado para conter a inflação, o BCE havia prometido outro aumento de 0,50 ponto percentual nesta quinta-feira e sinalizou mais movimentos nos próximos meses.
Mas o colapso, na semana passada, do Silicon Valley Bank nos Estados Unidos levantou preocupações sobre o estresse em todo o setor bancário e fez com que as ações despencassem, com o Credit Suisse, há muito enfrentando problemas, no centro das perdas na Europa.
Embora as ações estejam subindo nesta quinta-feira depois que o banco central da Suíça garantiu uma ajuda de 54 bilhões de dólares ao Credit Suisse, a volatilidade mantinha os mercados sob estresse, uma preocupação para o BCE já que a política monetária trabalha via sistema financeiro.
Isso exige que o BCE, o banco central de 20 países que usam o euro, concilie seu mandato de combate à inflação com a necessidade de manter a estabilidade financeira diante da turbulência.
“O suporte fornecido pelo Banco Nacional Suíço ao Credit Suisse remove o risco sistêmico a um ponto em que o BCE ainda poderá elevar os juros hoje em 0,50 ponto”, disse Lorne Baring, diretor executivo do B Capital SA.
Dando suporte a uma aumento maior dos juros, as novas projeções econômicas do BCE mostrarão a inflação ainda bem acima de sua meta de 2% em 2024 e ligeiramente acima em 2025, disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto.
Enquanto isso, as projeções para a inflação subjacente, um indicador da durabilidade do avanço dos preços, devem ser elevadas, um indicação de que a desinflação será prolongada e a política monetária terá de permanecer restritiva por algum tempo.