Crédito

Turbinados por MP do Agro, títulos de pesos-pesados acenam para estrangeiros, sem medo do coronavírus

06 mar 2020, 16:17 - atualizado em 06 mar 2020, 16:44
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Moeda estrangeira referenciando títulos e atração de investidores internacionais no rumo do agronegócio (Imagem: Money Times)

Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), oxigenados pela MP 897, ou MP do Agro, não estão com medo do coronavírus. Pelo menos na maior securitizadora do mercado, a Ecoagro, os R$ 8 bilhões que deverão ser emitidos em 2020 não sofreram nenhum susto por parte dos originadores até o momento.

Tanto porque o agronegócio pode até ser arranhado mas a China deverá voltar às compras a qualquer tempo, quanto – mais importante para o sócio-fundador da empresa, Moacir Teixeira – a MP que o presidente Jair Bolsonaro sancionará semana próxima (após aprovação no Senado) oferecerá benefícios para os produtores-emissores e para os tomadores do mercado de capitais. E acena para os internacionais.

O ‘novo’ CRA, operação para gente grande nesse negócio de antecipar recursos via crédito agropecuário, finalmente vai atender o que as duas pontas precisam para dar mais volume de operações, estimadas em R$ 45 bilhões de 2011 a 2019 – e com a Ecoagro tendo securitizado R$ 20 bilhões.

Por ordem, didaticamente, segundo Teixeira, as cinco principais alterações que turbinaram esses títulos:

1- O lastro de todos os recebíveis do agro são as CPRs (Cédula do Produtor Rural), lançadas em 1994, e que passam a ser atualizadas e aperfeiçoadas aos novos tempos;

2- O governo criará um ambiente eletrônico de negociação das CPRs;

3- Em cinco meses todas as CPRs terão registros obrigatórios;

4- Os títulos de crédito do agronegócio poderão ser referenciados em moeda estrangeira;

5- Não haverá mais tributação na variação cambial para o investidor estrangeiro aplicar num papel qualquer do agronegócio.

Os destaques, sem dúvida, são os três últimos.

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Moeda estrangeira

No caso do registro dos títulos a partir de 20 de julho, o economista da Ecoagro avalia que oferece maior transparência para o mercado e o governo acompanharem a expansão das emissões.

E quando se fala em CRA, por envolver geralmente operações de monta remete-se automaticamente aos dois últimos destaques.

“Se a produção de soja é esmagadoramente exportada e os insumos dolarizados, nada melhor que o emissor poder ter um hedge natural”, afirma Moacir Teixeira, lembrando a possibilidade agora de dolarizar (ou outra divisa) o CRA.

Agora imagina-se uma estruturação peso-pesado desse tipo de crédito descontado pelo originador, cujo potencial de aquisição pelo mercado seria mais acelerado com dinheiro de estrangeiros – e até afeito a riscos, já que o custo de captação lá fora é menor que aqui.

O investidor interessado no mercado agropecuário – e Teixeira calcula que há – não vai querer pagar pela variação cambial. A taxação agora será apenas nos juros.

A MP do Agro veio para suprir a ausência do crédito subsidiado, cada vez mais, das grandes operações, deixando-o mais direcionado à agricultura familiar, e “é essencialmente técnica e liberal”, informa do diretor proprietário da Ecoagro, que no seu portfólio de quase 140 operações no agro pode-se mencionar Raízen e Suzano (SUZB3), esta na sua 1ª emissão de green bonds.