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Tupy (TUPY3): CEO se emociona em despedida, mas não vê ‘cavalo de pau’ em nova gestão após troca questionada

28 mar 2025, 15:20 - atualizado em 28 mar 2025, 16:38
Rafael Ramacciotti
Visivelmente emocionado, Rizzo agradeceu a equipe e lembrou a sua trajetória na empresa (Imagem: Linkedin)

A troca de liderança na Tupy (TUPY3), que derrubou as ações, não deverá mudar o planejamento da companhia, afirmou o atual CEO, Fernando Rizzo, em teleconferência de resultados que marcou sua despedida da empresa após 30 anos.

Rizzo está de saída após o BNDESPar, que possui maioria do conselho, indicar Rafael Lucchesi. O nome, que não pertente ao quadro da Tupy, foi questionada por acionistas minoritários, que veem falta de experiência e uma indicação política e não técnica, já que Lucchesi é ligado ao BNDES.

No discurso, Rizzo lembrou que em um momento que todos abandonaram a companhia, houve imenso apoio dos acionistas Previ e BNDES, que acreditaram e alocaram muito dinheiro novo, talento e reputação.

“Nada do que estamos vivendo agora seria possível sem esse apoio. Eles investiram e apostaram no sucesso da companhia, garantindo ampla independência para a atuação da diretoria executiva da companhia. Não creio que haja intenção de mudar essa diretriz”.

Visivelmente emocionado, Rizzo agradeceu a equipe e lembrou a sua trajetória na empresa.

“Nesses 33 anos de empresa, de estagiário a CEO, participei de muitos momentos que nos trouxeram até aqui junto do Luiz Tarquínio, meu antecessor, que veio da liderança da Previ para comandar a reestruturação financeira da companhia em 2003 e o posterior turnaround do negócio”.

Engenheiro de carreira e considerado um nome técnico, Rizzo assumiu em 2018 e é um dos responsáveis pela mudança de patamar da fabricante.

Nesse tempo, a marca tornou-se líder global de fundição de componentes estruturais para equipamentos de transporte de carga, agrícolas e de construção, com a internacionalização de suas operações por intermédio de aquisições de operações no México, no Brasil e em Portugal.

Também diversificou seu portfólio com a aquisição da MWM do Brasil, passando a oferecer soluções completas para engenharia e montagem de motores e engenharia de descarbonização.

Entenda a polêmica da Tupy

Desde que a notícia foi ventilada na mídia, a ação despencou 17%.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Camilo Marcantonio, segundo maior investidor minoritário, com 4,5% das ações e gestor da Charles River Capital, argumentou que a carreira de Lucchesi não é típica de um executivo de empresa.

“Conforme amplamente discutido por notícias recentes, notamos preocupações razoáveis devido à sua falta de proximidade com as operações diárias da Tupy, levantando questões sobre uma potencial influência política na empresa”, escreveu a XP.

O BNDES rebateu dizendo que Lucchesi atende a todos os pré-requisitos, pois ocupou com excelência os cargos de mais alta gestão (equivalente a CEO) no SESI (Serviço Social da Indústria) e no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).

No comunicado, a Tupy também defendeu o nome ao dizer que sua expertise na formulação de políticas industriais e sua atuação em conselhos estratégicos, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial e o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, reforçam seu compromisso com a modernização da indústria brasileira.

“A nomeação do executivo reforça a visão da companhia de seguir ampliando sua competitividade global, impulsionando a inovação e o desenvolvimento sustentável”.

Engenheiro de formação, Rizzo chegou ao cargo de CEO em é um dos arquitetos da recuperação e da criação da nova Tupy.

O processo de transição será conduzido em conjunto por Fernando de Rizzo e Rafael Lucchesi, de modo a garantir que a sucessão ocorra de forma organizada e fluida.

Racha entre gestores?

A maioria das gestoras, entre elas 4UM Investimentos, Organon Capital, Charles River e Real Investor, que juntas somam 10% das ações, expressaram a sua preocupação com o nome, apurou o Brazil Journal. 

A exceção era a Trígono, do gestor Roger Werner, e que possui 10% da companhia. Em live realizada na última quarta, Werner afirmou que gostaria que o atual permanecesse, mas que é preciso ter paciência.

“Nós temos um otimismo construtivo, certo? Se for para brigar com a empresa, é melhor que eu saia. Criar constrangimentos não leva a nada. A questão do CEO e outras decisões são responsabilidade do conselho, não dos acionistas.”

Ainda segundo Werner, dentro da lógica do BNDES, faz sentido ter alguém alinhado com a industrialização e com a indústria da mobilidade — que envolve transporte, biocombustíveis e o combustível do futuro.

“Isso está em sintonia com a visão e as necessidades do próprio BNDES. Talvez tenha sido exatamente esse perfil que eles enxergaram no Rafael”.

Werner, no entanto, foi questionado por parte do mercado por estar conflitado, já que o BB Asset comprou parte da sua gestora e a Previ, fundo de pensão do BB, apoia o nome de Lucchesi.

O gestor, no entanto, negou qualquer conflito de interesses.

“Me assusta este tipo de associação com BB. O que tem a ver BB com isso? Quem indicou um nome para possível eleição pelo CA foi a BNDESPar,” disse Roger ao Brazil Journal.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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