Tupy (TUPY3): CEO indicado pelo BNDES é eleito em meio a acusações de intervenção política

O indicado do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) para ser o novo CEO da Tupy (TUPY3), Rafael Lucchesi, foi eleito pelo conselho de administração da companhia, mostra documento enviado ao mercado nesta quinta-feira.
A decisão do BNDESPar, que detém 28% das ações, recebeu críticas de investidores minoritários e provocou forte realização na bolsa.
Desde que a notícia foi ventilada na mídia, a ação despencou 17%. Os minoritários questionam o motivo da troca, já que o antigo CEO, Fernando Rizzo, é um dos arquitetos da recuperação e da criação da nova Tupy.
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Por outro lado, o nome de Lucchesi é contestado pela falta de experiência e conhecimento na empresa.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Camilo Marcantonio, segundo maior investidor minoritário, com 4,5% das ações e gestor da Charles River Capital, argumentou que a carreira de Lucchesi não é típica de um executivo de empresa.
O BNDES rebateu dizendo que Lucchesi atende a todos os pré-requisitos, pois ocupou com excelência os cargos de mais alta gestão (equivalente a CEO) no SESI (Serviço Social da Indústria) e no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).
No comunicado, a Tupy também defendeu o nome ao dizer que sua expertise na formulação de políticas industriais e sua atuação em conselhos estratégicos, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial e o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, reforçam seu compromisso com a modernização da indústria brasileira.
“A nomeação do executivo reforça a visão da companhia de seguir ampliando sua competitividade global, impulsionando a inovação e o desenvolvimento sustentável”.
O processo de transição será conduzido em conjunto pelos Fernando de Rizzo e Rafael Lucchesi, de modo a garantir que a sucessão ocorra de forma organizada e fluida.
Racha entre gestores?
A maioria das gestoras, entre elas 4UM Investimentos, Organon Capital, Charles River e Real Investor, que juntas somam 10% das ações, expressaram a sua preocupação com o nome, apurou o Brazil Journal.
A exceção era a Trígono, do gestor Roger Werner, e que possui 10% da companhia. Em live realizada na última quarta, Werner afirmou que gostaria que o atual permanecesse, mas que é preciso ter paciência.
“Nós temos um otimismo construtivo, certo? Se for para brigar com a empresa, é melhor que eu saia. Criar constrangimentos não leva a nada. A questão do CEO e outras decisões são responsabilidade do conselho, não dos acionistas.”
Ainda segundo Werner, dentro da lógica do BNDES, faz sentido ter alguém alinhado com a industrialização e com a indústria da mobilidade — que envolve transporte, biocombustíveis e o combustível do futuro.
“Isso está em sintonia com a visão e as necessidades do próprio BNDES. Talvez tenha sido exatamente esse perfil que eles enxergaram no Rafael”.