Bradespar

Tudo sobre o “Acordo Vale” e o que fazer com as ações

20 fev 2017, 14:05 - atualizado em 05 nov 2017, 14:07

As ações da Vale (VALE3; VALE5) e Bradespar (BRAP4) disparam nesta segunda-feira (20) após a empresa anunciar um novo acordo de acionistas que resultará em sua ida ao Novo Mercado por meio de uma troca e unificação dos ativos negociados hoje na Bolsa.

A proposta visa realizar esta troca entre 18 de junho e 30 de julho. Os acionistas da Valepar passam a ser acionistas diretos da Vale com um incremento da posição acionária dos acionistas Valepar de 10% (diluição de 3% para os demais acionistas). Para que a proposta seja aprovada é mandatório que haja adesão mínima de 54% dos detentores das ações preferenciais.

Segundo o JP Morgan, a taxa de conversão foi considerada como “bastante razoável”.

“A transação parece ser um ‘ganha-ganha’ para tanto o acionista controlador quanto para o minoritário, em nossa visão, e por isso esperamos uma reação positiva para as ações da Vale e da Bradespar com o anúncio”, diz o banco.

Mudança brutal

Para o BTG Pactual, a mensagem passada pelo comunicado é “muito positiva” e representa uma mudança “brutal” na governança corporativa da empresa. Segundo os analistas, o anúncio pode fazer com que os múltiplos da brasileira (6,6 vezes o Ebitda) alcancem os vistos na Rio Tinto (7,7 vezes).

“Assumindo que dada a melhora de governança, é de se esperar que a Vale vá convergir para Rio Tinto o que se traduziria em criação de valor de 21% para a Vale”, avaliam. O BTG recomenda que a melhor exposição agora é deter as ações da Bradespar. Os papéis da holding sobem mais de 15%.

“(…) implantado o novo Acordo, após passar pelo rito das aprovações regulamentares do mercado, este poderá contribuir para a atração de outros investidores estrangeiros, o que garante a expansão das atividades da Vale”, ressalta o Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil que possui uma participação equivalente à 15% da empresa por meio do Grupo Litel.

Segundo a Spinelli Corretora, o acordo traz boas perspectivas quanto ao atual nível de precificação da companhia, “que negocia com desconto frente a companhias similares, devido, em grande medida, aos riscos de interferência política ao qual a companhia está exposta no modelo atual de governança, os quais (prêmio de risco), com a inserção da nova proposta, seriam bastante dirimidos”.

Passo a passo

1 – Conversão voluntária das ações preferenciais classe A da Vale em ações ordinárias. Todos os acionistas da Vale que possuem ações preferenciais classe A serão convidados a converter seus papéis em ações ordinárias. Os valores obedecerão a uma relação de conversão, que foi definida com base no preço médio de fechamento das ações ordinárias e preferenciais apurado nos últimos 30 pregões da BM&FBovespa, anteriores ao anúncio do Fato Relevante. 

2 – Alteração do estatuto social da Companhia. O objetivo é adequá-lo às regras do Novo Mercado da BM&FBovespa, onde  estão listadas as empresas com o mais alto padrão de governança corporativa.

3 – A Vale vai incorporar a Valepar, empresa veículo que reúne as participações de Litel, Mitsui, Bradespar, BNDESpar e Eletron. Essa incorporação resultará em incremento de participação dos atuais acionistas controladores, mediante um diferencial de 10% na precificação das ações que a Valepar detém, além de permitir que participem diretamente da Vale. Durante o período de duração do novo Acordo de Acionistas, de três anos, os sócios manterão influência relevante sobre a Companhia. O objetivo é conferir estabilidade para a Vale no período de transição para um novo modelo de governança de controle difuso (“true corporation”), o que contribuirá para a perenidade e crescimento da Companhia.

Vale

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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