Copom

Tudo que é bom dura pouco (especialmente o juro baixo no Brasil)

06 fev 2018, 13:20 - atualizado em 06 fev 2018, 13:37
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A visão é que a ausência da continuidade das reformas, especialmente a da Previdência, irá jogar pelo ralo todo o efeito positivo da forte queda dos juros nos últimos trimestres

Enquanto o mercado espera que a Selic encerre o ano a 6,75%, considerando mais um corte de 25 pontos-base na reunião do Copom que termina nesta quarta-feira (7), a equipe da consultoria Roubini Global Economics estima que 2018 chegue ao fim com o juro a 7,5%. Para 2019, o próprio relatório Focus projeta o juro a 8%.

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“Enquanto a maior parte dos mercados concorda em grande parte que este será o fim da flexibilização do Banco Central, há um debate sobre quando ele começará a reverter o ciclo aumentando as taxas”, ressalta o economista sênior Pedro Tuesta em um relatório. Segundo ele, a reversão começará no último trimestre de 2018, embora a maioria não a aguarde até 2019.

A visão é que a ausência da continuidade das reformas, especialmente a da Previdência, irá jogar pelo ralo todo o efeito positivo da forte queda dos juros nos últimos trimestres. O último momento em que a Selic foi abaixo de 10% aconteceu em julho do ano passado (seis meses até agora). Antes disso, o juro esteve com um dígito entre março de 2012 até novembro de 2013.

Política expansionista

O economista lembra que o juro real atual, de 2,88%, está muito abaixo da taxa neutra de médio prazo de 4% e em um território considerado bastante expansionista. Tuesta pontua que os últimos dados da atividade econômica também sugerem que a economia está se recuperando mais rápido e que o choque positivo da menor inflação dos alimentos pode não se repetir. Isso sem contar que a conta fiscal do país não deve melhorar muito em 2018.

“Além disso, esperamos incertezas antes das eleições gerais de outubro de 2018. O centro político até agora não conseguiu assegurar que o próximo governo irá avançar com as reformas vitais – especialmente uma reforma significativa da Previdência”, diz Tuesta.

Ele ressalta que embora a administração atual tenha avançado em pautas para aumentar a produtividade e o PIB potencial, a reforma da Previdência ajudaria a reduzir o déficit para permitir que o investimento do setor privado aproveite as reformas já implementadas, que afetam os mercados de trabalho e crédito.

“Sem a reforma da Previdência e o PIB potencial mais alto resultante, não haverá muito impacto da atual política monetária expansiva”, conclui a consultoria.