É improvável que Eike Batista dê a volta por cima, mas não impossível, diz autora de ‘Tudo ou nada’

Prestes a lançar uma nova edição de “Tudo ou nada: Eike Batista e a verdadeira história do grupo X” (Companhia das Letras, 2022), a jornalista Malu Gaspar vê como improvável que o ex-bilionário consiga dar a volta por cima, embora não considere um desfecho bem-sucedido impossível.

“O Brasil é um país que sempre surpreende”, diz a colunista do jornal O Globo ao Money Times, em um momento em que acompanha de perto o leilão das debêntures da massa falida das empresas de Eike –  com as quais ele pretende pagar a multa de sua delação premiada.

Segundo Malu, é assim que o empresário ainda vai protagonizar as notícias por um tempo: tentando se livrar da “âncora” do passado.

A jornalista volta a contar a história do ex-bilionário em livro, com o posfácio feito especialmente para a nova edição da biografia do empresário. Ela também aproveitou para passar um pente-fino em toda a reportagem, com novas checagens e algumas frases refeitas.

O posfácio escrito para a nova edição conta os principais fatos da vida de Eike a partir de 2014, quando foi publicada pela Record a primeira versão de “Tudo ou nada”: desde a delação premiada na Operação Lava-Jato até uma história de como ele chegou a esconder informações dos próprios advogados que o defendiam.

Malu Gaspar começou a acompanhar Eike em 2005, quando chegou ao Rio de Janeiro para ser chefe da sucursal da revista Exame. Ela conta que acumulou “blocos e blocos de anotações de conversas” que não cabiam nas reportagens, até enxergar que tinha conteúdo para um projeto de fôlego.

Embora fosse sempre gentil e educado, conta Malu, Eike não topou falar para o livro – nem para a nova edição. “Escrever sobre quem não quer falar exige um esforço a mais. Não é o ideal, mas eu sou meio aficionada por quebra-cabeças”, diz. “É um processo parecido [o de escrever um livro-reportagem]”.

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Eike e o ‘portal no tempo’

Para Malu, Eike soube aproveitar o momento do país, que crescia nos anos 2000 com o impulso das commodities e políticas de redistribuição de renda em meio ao frenesi do mercado financeiro. “Ele abriu um portal no tempo”, diz.

Ela avalia que a biografia de uma figura vinculada ao mercado financeiro é ainda raro no país e que há a crença de que as figuras do meio são “mágicas”. “O mercado não é imune a erros e não é todo mundo que é mal intencionado”, afirma.

Eike Batista – cuja história está sendo adaptada para o cinema pela Morena Filmes, com base em “Tudo ou Nada” – conquistou o mercado principalmente a partir dos anos 2000 com um grupo de empresas que eram parte de um projeto ambicioso com projeções extraordinárias.

O empresário chegou a atrair investidores do mundo inteiro ao abrir capital da petroleira OGX, a principal companhia do império X. Mas, quando os dados oficiais divulgaram uma realidade muito distante das projeções, as ações despencaram – foi o início da derrocada que abalou o mercado de capitais local.

Malu diz não conseguir achar que houve um aprendizado muito consistente por parte do mercado com a história de Eike. “A lógica das bolhas é muito peculiar e, quando você entra em uma, é difícil sair. O mercado tem esse frenesi de querer aproveitar [a bolha] e sair antes de estourar”.

A jornalista comenta que o mercado é feito por gente que tem “muito conhecimento” e que “muita gente” sabia dos riscos envolvendo os negócios de Eike. “Tem muita gente que gosta de acreditar em plano que não para em pé”, afirma.

Serviço

A nova edição de “Tudo ou nada” já está disponível nas livrarias físicas e pela internet, com o preço de R$ 109,90 para o livro físico e de R$ 44,90 para o e-book.

O lançamento oficial, com a presença da autora, acontece nesta segunda-feira (13) no Rio de Janeiro, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, e no dia 21 de junho em São Paulo, na Livraria da Vila em Pinheiros.

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