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Tubarões com patrimônio trilionário fogem da Bolsa; fatia alocada em ações é a menor da história

17 out 2023, 19:38 - atualizado em 18 out 2023, 8:40
Vaca magra da B3
O apetite dos maiores investidores institucionais do país pelos ativos da B3 está no patamar mais baixo em anos (Imagem: Carla Carniel/Reuters)

A Bolsa não anda apetitosa para os maiores tubarões do país, de acordo com dados revelados nesta terça (17) pela Abrapp (Associação Brasileira das EFPCs).

As EFPCs (Entidades Fechadas de Previdência Complementar) são os maiores investidores institucionais do país, com patrimônio líquido somado de R$ 1,2 trilhão, de acordo com o relatório divulgado. O número cresceu 6,28% ante o ano passado.

Porém, o levantamento acompanhou um dado negativo para o mercado de capitais: as EFPCs estão fugindo das bolsas. O patamar médio de investimentos em renda variável por esses investidores chegou a 12,2%, ou “apenas” R$ 138 bilhões -o menor valor desde 2018, até onde vão as estatísticas divulgadas pela Abrapp.

 

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Tubarões que fazem preço aproveitam alta da Selic

Em 2020, por exemplo, o patrimônio desses players na B3 era de mais de R$ 200 bilhões, mexendo nos preços do Ibovespa. Mas atualmente, a maior parte dos investimentos está na renda fixa, com aportes médios entre as EFPCs sendo 79,2%, de acordo com os dados da Abrapp. Então, por que a alocação na Bolsa caiu tanto?

A explicação vem em parte pela natureza dessas entidades. Como são previdência complementar, essas entidades têm de pagar benefícios todos os meses para aposentados das empresas que mantêm esses fundos – o que torna o perfil de investimentos deles naturalmente conservadores e de longo prazo.

Com isso, os fundos de pensão precisam todo ano bater uma meta, conhecida como “meta atuarial”, visto que é designada através da ciência atuária, que analisa e gerencia riscos e expectativas.

Mas, atualmente, o patamar está excessivamente conservador. O que explica essa situação? Um dos fatores primordiais é a taxa Selic, que, em patamar elevado, contribui para a valorização de títulos públicos.

Dessa forma, as Notas do Tesouro Nacional, com vencimento para daqui a algumas décadas, tornam-se atraentes para esses fundos, pois suprem suas metas atuárias, com baixo risco envolvido.

Gestor diz que Bolsa é ‘janela de oportunidade’

Alexandre Brito, sócio e gestor da Finacap, gestora que atende investidores institucionais como as EFPC, explica a  atratividade dos títulos públicos para esses tubarões dos investimentos: “Essa abertura da curva de juros elevou títulos extremamente conservadores que, em muitos casos, superam a meta atuarial desses fundos de pensão”.

Ele diz, no entanto, que a bolsa está numa “janela de oportunidade”, inclusive para esses players. “Reforçamos que neste momento estão as melhores oportunidades para os investimentos em bolsa, inclusive no longo prazo”, afirma.

Com um fundo exposto inteiramente em ações, o Mauritsstad, a gestora tem atraído institucionais pelo resultado do fundo, que em 2023 tem performado acima do Ibovespa, rendendo 7,47% até setembro, enquanto a bolsa está em 5,93%. 

Brito cita que o track record -o histórico do fundo, na linguagem do mercado- tem também ajudado a atrair as EFPCs. Desde seu início, em 2003, o fundo rendeu 1.184%, contra 449% do Ibovespa.

Ele cita dois setores que ajudaram o fundo a ter boa performance neste ano. “Surfamos bem em commodities e energia elétrica”, diz.