Internacional

Trump x Brics: Presidente eleito ameaça taxar 100% caso países adotem moeda alternativa ao dólar

02 dez 2024, 11:01 - atualizado em 02 dez 2024, 11:01
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(Imagem: Reuters/iStock / Montagem: Money Times)

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou, neste sábado (30), taxar os países do Brics em 100%, caso adotem uma moeda alternativa ao dólar. Em publicação no Truth Social, Trump reforçou que os países que tentarem achar uma substituição à moeda devem se despedir dos EUA.

“Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana”, escreveu Trump.

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“Eles podem procurar outro ‘otário’. Não há nenhuma chance dos Brics substituírem o dólar americano no comércio internacional, e qualquer país que tentar deve dizer adeus aos Estados Unidos”, acrescentou.

Contudo, essa não é a primeira vez que Trump ameaça impor novas tarifas. Em seu primeiro mandato, o republicano aplicou tarifas que iam de 7,5% a 25% em importações.

Para os próximos quatro anos, no entanto, as taxas de Trump trazem algumas preocupações para o mercado internacional, principalmente para a China.

O plano de governo do presidente eleito indica uma adição de tarifas de, pelo menos, 10% sobre todas as importações de países externos. Contudo, para a China, a tarifa sobe para 60%.

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Taxação de Trump

De acordo com a estimativa publicada pelo Peterson Institute for International Economics, em maio, essas tarifas podem custar a uma família de renda média cerca de US$ 1.700 por ano.

Atualmente, a China vende mercadorias no valor de mais de US$ 400 bilhões por ano para os EUA e centenas de bilhões a mais em componentes para produtos que os norte-americanos compram de outros países.

Considerando este valor com as tarifas, a China pagará mais de US$ 240 bilhões por ano nas exportações aos Estados Unidos.

Além disso, as tarifas inibem o comércio global, reduzem o crescimento dos exportadores e pesam sobre as finanças públicas de todas as partes envolvidas.

As empresas, em sua maioria, repassam os custos de importação para o cliente, portanto, é provável que as tarifas sejam inflacionárias para os consumidores dos EUA. Isso pode resultar no Federal Reserve mantendo as taxas de juros altas por mais tempo.

No início desta semana, Trump também declarou que, assim que tomar posse, irá cobrar tarifas de 25% sobre as importações do México e Canadá. De acordo com o presidente eleito, a razão para as taxas é porque que ambos facilitam a imigração ilegal e o abuso de fentanil nos EUA.

A criação de uma nova moeda do Brics

Desde o início de 2024, há dez países que compõe o Brics. Além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o grupo se uniu com Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.

Em outubro deste ano, na cúpula do grupo de países emergentes, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu a criação de meios de pagamento alternativos entre si, fugindo da necessidade de uso do dólar, assunto discutido desde 2023.

“Nós resolvemos criar uma moeda, porque isso facilita a vida das pessoas, mas nós não queremos pressa porque não é uma coisa simples de fazer”, afirmou Lula à imprensa, após a cúpula do Brics na África do Sul, em agosto de 2023.

Na cúpula deste ano, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou os Estados Unidos de usar o dólar como uma arma.

“Não somos nós que nos recusamos a usar o dólar”, declarou Putin. “Mas, se não nos deixam trabalhar, o que podemos fazer? Somos forçados a buscar alternativas”.

Junto com o Brasil, a Rússia é uma das maiores defensoras da criação de uma moeda alternativa. Lula, inclusive, também apoia a criação de uma moeda única para os países do Mercosul.

Em maio de 2023, durante reunião com chefes de Estado da América do Sul, o presidente propôs aprofundar a identidade sul-americana também na área monetária.

Além disso, Lula sugeriu a utilização dos bancos de desenvolvimento como a CAF (Corporación Andina de Fomento), o Fonplata (Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata), o Banco do Sul e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para uma poupança regional a serviço do desenvolvimento econômico e social.

Estagiária de Redação
Estudante da área de comunicação, cursando Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Ingressou no Money Times em 2024 como estagiária.
marcela.malafaia@moneytimes.com.br
Estudante da área de comunicação, cursando Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Ingressou no Money Times em 2024 como estagiária.