Trump planeja semana final enquanto democratas miram impeachment
Banido das redes sociais e abandonado por alguns membros da equipe após incitar um motim no Capitólio dos EUA, o presidente Donald Trump e um círculo cada vez menor de assessores planejam uma desafiadora semana final no cargo, segundo pessoas a par do assunto.
Trump está confiante de que o vice-presidente, Mike Pence, e membros de seu gabinete não tentarão destituí-lo sob a 25ª Emenda, disseram as pessoas. Pence rejeita a ideia de tentar usar esse mecanismo para tirar Trump do poder, disse uma pessoa.
O presidente e alguns aliados também acreditam que os democratas estão exagerando ao tentar mais uma vez o impeachment por causa da invasão do Capitólio na quarta-feira e acham que a condenação no Senado seria improvável de qualquer maneira.
Para um assessor, o plano de impeachment pelos democratas é um presente político para Trump. Nos bastidores, Pence se limitou a citar a 25ª Emenda como uma abordagem inviável, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto.
No entanto, Trump e Pence não se falam desde quarta-feira, quando o vice-presidente teve de se esconder no Capitólio depois que o prédio foi invadido por partidários de Trump.
O senador James Inhofe, de Oklahoma, disse ao jornal Tulsa World que “nunca viu Pence tão bravo” como depois de ser criticado por Trump por não intervir na contagem dos votos do Colégio Eleitoral no Congresso. Trump tuitou que faltava “coragem” a Pence.
Muro da fronteira
Trump planeja finalizar seus quatro anos de mandato destacando o que ele acredita serem suas maiores conquistas, como o muro que seu governo construiu em pelo menos parte da fronteira dos Estados Unidos com o México. Uma viagem a Alamo, no Texas, perto da fronteira, é esperada na terça-feira, disse um porta-voz da Casa Branca.
Trump também prepara pelo menos mais uma rodada de indultos e tentará, pela última vez, avançar os planos de seu governo para limitar o poder das gigantes de tecnologia, disseram as pessoas, embora não esteja claro o que pode fazer.
Em suma, é uma última tentativa de reabilitar o legado de Trump depois que seus seguidores invadiram o Capitólio na quarta-feira, o que resultou em cinco mortes, incluindo a de um policial.
Trump não deu nenhuma indicação de que pensa em renunciar, como muitos democratas e alguns republicanos exigiram.
Um pequeno grupo de deputados republicanos escreveu para Joe Biden no sábado, pedindo para que convença a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, de desistir do impeachment em nome da unidade nacional.
A aparente confiança de Trump desmente os perigos políticos e legais. Os democratas do Congresso estão furiosos com a rebelião no Capitólio e determinados a responsabilizar o presidente. Alguns republicanos disseram que suas ações merecem impeachment, incluindo o senador Pat Toomey, da Pensilvânia.
Promotores federais também não descartam acusar Trump, entre muitos outros, por seu papel no ataque ao Capitólio, além de prometerem que a investigação em andamento não terá fins políticos.
O advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani não respondeu a mensagens com pedido de comentários no sábado. Nem Alan Dershowitz, professor emérito da Harvard Law School, ou Jay Sekulow, advogado externo, que representaram Trump em seu primeiro julgamento de impeachment.