Trump enfrentará menos obstáculos em Washington durante 2º mandato
Donald Trump enfrentará muito menos obstáculos ao seu poder quando for empossado novamente como presidente dos Estados Unidos em janeiro, com aliados em Washington para ajudá-lo a atingir seus objetivos.
Trump retorna ao poder como líder de um Partido Republicano que foi refeito à sua imagem nos últimos oito anos e como o arquiteto de um Judiciário de tendência conservadora que tem ajudado a eliminar seus desafios legais.
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Após sua inesperada vitória em 2016, Trump era visto com desconfiança por muitos parlamentares republicanos e até mesmo por membros de seu próprio governo – notadamente o vice-presidente Mike Pence, que se recusou a participar de seu esquema para anular sua derrota eleitoral em 6 de janeiro de 2021.
Republicanos do Congresso que resistiram a ele, como a ex-deputada Liz Cheney e o falecido senador John McCain, foram substituídos por parlamentares que buscaram seu endosso.
A Suprema Corte, que conta com três juízes indicados por ele, afrouxou as barreiras legais que limitavam as ações de presidentes anteriores, graças a uma decisão de grande repercussão em julho que dá aos presidentes ampla imunidade contra processos criminais.
E ele poderá reivindicar um amplo mandato como apenas o segundo candidato presidencial republicano desde 1988 a ganhar o voto popular. Quase nove em cada dez eleitores republicanos veem Trump com bons olhos, de acordo com uma pesquisa Reuters/Ispos de outubro.
Ele enfrenta uma possível restrição: os democratas ainda podem ganhar o controle da Câmara dos Deputados, o que lhes permitiria bloquear sua agenda legislativa e iniciar investigações sobre seu governo. No entanto, com dezenas de disputas ainda a serem decididas, os republicanos até agora parecem a caminho de aumentar sua estreita maioria.
“O presidente retornará triunfante à sua mesa com um novo mandato para resolver os maiores problemas enfrentados por nossa nação. E, desta vez, ele traz um conhecimento adquirido com muito esforço sobre como fazer Washington trabalhar para ele”, disse o estrategista republicano John Ashbrook.
‘Mais Maga, menos republicano’
Os aliados de Trump passaram os últimos meses fazendo uma pré-seleção de candidatos para seu governo, com o objetivo de garantir que postos importantes sejam ocupados por pessoas de confiança.
“Estamos procurando pessoas mais jovens e mais Maga. Mais Maga e menos republicano do que no passado”, disse um doador que falou sob condição de anonimato, referindo-se ao slogan de Trump, “Make America Great Again” (Fazer a América Grande Novamente, na tradução).
Um desses cargos, é claro, já foi preenchido. O vice-presidente eleito, JD Vance, passou sua breve carreira política defendendo a filosofia nacionalista de Trump no Capitólio e foi eleito para o Senado em 2022 depois de ganhar o endosso de Trump. Pence, por outro lado, já havia construído sua própria identidade como ex-governador e membro do Congresso quando Trump o escolheu para ser vice-presidente em 2016.
Trump provavelmente terá mais facilidade em conseguir que seus indicados sejam aprovados pelo Senado desta vez do que em seu primeiro mandato, quando dezenas de candidatos não conseguiram obter aprovação.
Os republicanos estão no caminho certo para controlar entre 52 e 57 assentos no Senado, o que significa que um voto vencedor não dependerá necessariamente de republicanos independentes como Susan Collins, do Maine, e Lisa Murkowski, do Alasca.
“Com uma maioria de 54 assentos, que é onde eu acho que o Senado está se configurando no momento, ele deve ser capaz de confirmar a maioria de seus indicados qualificados para o gabinete”, disse Jon Lieber, ex-assessor republicano do Senado, atualmente no grupo Eurasia, a repórteres em uma teleconferência.
Enquanto isso, especialistas em direito dizem que a decisão da Suprema Corte sobre a imunidade presidencial pode fazer com que Trump se sinta sem restrições quando tomar posse em 20 de janeiro.
“Haverá pouquíssimas restrições para Trump e acho que ele se sentirá muito fortalecido com essa decisão em seu bolso”, disse Cheryl Bader, professora de direito da Universidade de Fordham.