Dólar

Donald Trump é sinônimo de dólar em alta? Por que a moeda norte-americana sobe ante o real e no exterior

15 jul 2024, 15:53 - atualizado em 17 jul 2024, 11:19
donald trump ações
(Imagem: REUTERS/Jonathan Ernst)

O dólar (USDBRL) até tinha dado uma trégua em relação ao real. Na semana passada, a moeda norte-americana acumulou queda de 0,57%. Mas o atentado ao ex-presidente Donald Trump, ocorrido no último sábado (13) mudou o cenário mais uma vez. 

O incidente foi visto como um aumento da polarização das eleições nos Estados UnidosPor outro, o atentado elevou as apostas de uma vitória do republicano na disputa pela Casa Branca. 

A segunda-feira (15) começou com uma forte reação dos investidores já nos mercados futuros. As ações da rede social do ex-presidente, Truth Social, dispararam mais de 50% no pré-mercado em Nova York. 

Os índices de Wall Street também operam em alta desde o início das negociações. Os rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os Treasuries, chegaram a renovar as máximas intradia. 

Com o dólar também não foi diferente. A moeda norte-americana abriu em alta a R$ 4,553 e segue o ritmo de ganhos ao longo da sessão desta segunda-feira (15).  

O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis moedas globais, tem operado volátil, mas sustenta alta de cerca de 0,10%. 

Trump é sinônimo de dólar em alta? 

Após o ataque ao ex-presidente Donald Trump, os investidores elevaram as apostas em uma vitória de Trump na disputa presidencial. 

Essa expectativa fortaleceu o dólar em um primeiro momento. Isso porque entrou na conta dos investidores que o retorno de Trump à Casa Branca poderia levar a uma política fiscal mais frouxa e a tarifas comerciais adicionais. 

“O exterior tende a ditar o câmbio nessa semana”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital à Reuters. 

“Em relação ao atentado, o reflexo projetado pelo mercado é que, diante do ocorrido, aumentam naturalmente as chances de vitória de Trump, o que eleva um pouco o risco fiscal” dos Estados Unidos, afirmou Bergallo. 

“Uma expansão dos cortes fiscais — a exemplo de 2017 — aumentaria drasticamente os déficits [das contas públicas], fortalecendo ainda mais o dólar americano. Além disso, uma economia americana forte também reforça o dólar”, disse Matheus Spiess, da Empiricus. 

Além disso, o ex-presidente já afirmou, em debate presidencial no mês passado, que deve impor uma tarifa de 10% sobre todas as importações — “o que provavelmente aumentaria a inflação e geraria dúvidas sobre os cortes nas taxas de juros”, afirma Matheus Spiess, da Empiricus. 

“Um dólar forte torna as exportações dos EUA mais caras e reduz os lucros das empresas americanas que operam no exterior, quando esses lucros são convertidos novamente em dólares. Também aumenta a concorrência das importações mais baratas.”

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Não é só dólar: os juros entram na conta (a longo prazo)

Caso Trump seja eleito, a possível imposição de tarifas sobre importação — não só de produtos chineses — também tem efeito sobre os juros, afirma William Castro, estrategista-chefe da Avenue. 

“A imposição de certas tarifas a produtos nos quais os Estados Unidos têm uma dificuldade competitiva, ou que tem uma balança comercial desfavorável, gera a perspectiva de um impacto inflacionário.”

Na avaliação de Castro, essa inflação pode encarecer as cadeias produtivas. “Os insumos ficam mais caros nos Estados Unidos e consequentemente os preços dos produtos se elevam e, como resultado, o patamar de juros de equilíbrio ficam mais altos.”

Além disso, Trump já afirmou que, aliado ao imposto de importação, deve reduzir impostos para atrair empresas para o território norte-americano. 

“No primeiro momento isso só eleva a situação de déficit fiscal dos Estados Unidos que já é bem preocupante ou que já é bastante elevado”, afirma Castro. Isso, por sua vez, tende a refletir na piora da percepção de risco atrelado aos títulos do governo norte-americano, os treasuries, sobretudo, a longo prazo. 

Nesta segunda-feira (15), os juros projetados para a dívida de 10 anos e de 30 anos, referência para o mercado de hipotecas norte-americano, sobem. 

Por volta de 15h30 (horário de Brasília), o T-note de 10 anos opera em alta a 4,22%, enquanto o T-note de 30 anos subia a 4,453%

Por outro lado, os yields dos treasuries de curto prazo seguem em queda. Na avaliação de Castro, esse movimento deve-se à sensibilidade à política monetária — as apostas de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) em setembro e a desaceleração da inflação em junho.

Jornalista formada pela PUC-SP. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
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