Trump apoia Putin? Ex-presidente dos EUA deu declarações pró-Rússia? Entenda
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, disse na terça-feira (22), dois dias antes da Rússia invadir a Ucrânia, que o líder de Moscou fez um movimento de “gênio”, ao reconhecer as regiões separatistas ucranianas de Luhansk e Donetsk como Estados independentes.
“Ele vai entrar como um pacificador, essa é a maior força de paz que eu já vi. Podemos usar essa tática na nossa fronteira ao sul”, disse ele no programa Clay Travis & Buck Sexton.
O republicano comentou também que o atual presidente dos EUA, Joe Biden, não tem ideia do que está fazendo e culpou seu sucessor na Casa Branca pelo ataque à Ucrânia. No dia da invasão russa, o americano classificou as ações militares como “algo que nunca deveria ter acontecido”.
As declarações geraram atritos do republicano com o próprio país. Na véspera, a secretária de imprensa dos EUA, Jen Psaki, comentou que a Casa Branca não recebe conselhos de quem elogia Putin.
Mas, afinal de contas, o republicano realmente apoia Putin? Para Leonardo Paz, analista do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV, Trump elogiou a estratégia, pois reconheceu que “a jogada do ex-KGB foi boa, mas depois percebeu que suas falas não repercutiram muito bem e tentou voltar um pouco atrás”.
Além disso ele comenta que, quando presidente, Trump tinha uma certa admiração por Putin por achá-lo um “líder forte”. Segundo Paz, o motivo era justamente o fato de que o ex-protagonista do reality show “O Aprendiz” não ter “fortes credenciais democráticas” e não gostar de buscar consensos para governar.
Trump deu espaço para Putin agir
“Além disso, a relação entre os dois não era acirrada, pois o Putin gostou da política externa do Trump, devido ao fato do republicano ter focado sua ações na China, o que abriu espaço para a Rússia em outros lugares, como na guerra civil na Síria, em que Putin apoiou Assad e garantiu influência local”, afirma Paz.
Para o analista, essa conjuntura permitiu que Putin e Trump não precisassem se antagonizar. No entanto, o especialista não descarta que a possibilidade do ex-comandante dos EUA ter dito o que disse apenas para continuar nos holofotes e se projetar como oposicionista de Biden para a próxima eleição.
“Trump quer aparecer e mostrar que ele é um candidato mais interessante. Além disso, o fato dele não ter largado a direção do partido republicano já o credencia como candidato. Com isso, fica claro que ele já está fazendo a persona de quem é um candidato lá na frente” analisa.
Por fim, o analista enxerga que a população americana está dividida e polarizada: metade apoia Biden e suas decisões, e a outra concorda com Trump e vê o atual presidente como um fraco.
“Os EUA não estão totalmente unidos com o Biden, ele não pode se esquecer que precisa se sustentar em sua política doméstica. Por isso, o atual presidente americano está elevando o tom com Putin, o intuito é mais melhorar a imagem interna do que para resolver os problemas de fato”, conclui.