TRPL4, ALUP11 e TAEE11: Tá barato? E os dividendos, valem a pena? Veja perguntas e respostas para os papéis
Presente em muitas carteiras de investidores pessoa-físicas, Transmissão Paulista (TRPL4), Taesa (TAEE11) e Alupar (ALUP11) tiveram as suas recomeções de neutralidade reafirmadas pelos analistas Vitor Sousa e Israel Rodrigues, da Genial.
Os analistas, porém, elevaram os preço-alvos das companhias. Veja na tabela a seguir:
Empresas | Recomendação | Preço-alvo | Potencial* |
---|---|---|---|
Taesa | Neutra | R$ 36 | 9.30% |
Transmissão Paulista | Neutra | R$ 34 | 16.60% |
Alupar | Neutra | R$ 28 | 11.30% |
*potencial ante o fechamento da última sexta (11)
Eles argumentam que em linhas gerais, o segmento de transmissão mantém suas características fundamentais no que diz respeito a previsibilidade de receitas em contratos de longo prazo reajustados por índices inflacionários.
Porém, a aquisição de novos projetos, atualização das estimativas de investimentos, evolução dos índices inflacionários (IPCA ou IGPM, que estão em momentos diferentes e com exposição distintas nas empresas) e, consequentemente, estimativa de pagamento de dividendos, exigem novos parâmetros.
Sousa e Rodrigues esperavam menos investimentos para os próximos anos, o que mudou com a necessidade crescente de interconexão da entrada de nova oferta (eólicas e solares na região nordeste do Brasil) com o centro de consumo (região Sul-Sudeste).
“Sendo assim, estamos atravessando outro momento de expressivo volume de oportunidades nos leilões que estão por vir. Em nossa leitura, achamos que as empresas devem ser menos generosas na distribuição de dividendos extraordinários“, destacam.
Apesar dos desafios, os analistas dizem que o que pode parecer um risco no curto prazo para investidores que não são especialistas do segmento (private equities, construtoras, etc.), representa uma excelente oportunidade para players consolidados como Alupar, Taesa e Transmissão Paulista.
“É uma oportunidade de adquirirem novas concessões em condições mais atraentes, derivado de um cenário competitivo mais benigno e eventualmente se beneficiando do fechamento do rendimento de títulos de longo prazo (movimento similar a marcação a mercado nos títulos de renda fixa)”, discorrem.
Entre 2022 e 2023, os analistas recordam que tanto Alupar quanto a Transmissão Paulista adquiriram uma série de novos projetos, levando essas a uma nova fase de pesados investimentos, “que devem pressionar seu fluxo de caixa durante o desenvolvimento desses projetos, afetando naturalmente a distribuição de dividendos nos próximos anos”.
“Apesar disso, devido aos menores deságios, esses projetos em desenvolvimento apresentam taxas de retorno bastante atrativas, que devem adicionar valor para a empresa e para o acionista no longo prazo”, completam.
Veja um resumo de cada uma das teses:
Alupar (ALUP11): Nem cá, nem lá
Tá barato?
Segundo os analistas, aos atuais níveis de preço, observa-se potencial de valorização para as ações de 24%, negociando a uma taxa interna de retorno real implícita de 11% (vs NTN-Bs 2045 de 6,2%) e com um dividend yield esperado para 2024 de 6,4%.
“Seguimos achando o case da Alupar o mais atraente em termos de avaliação em relação aos pares, mas dessa vez, o valuation permite uma recomendação mais agressiva”, coloca.
E os dividendos?
Na análise, a Genial lembra que empresa está entrando em um novo ciclo de investimentos devido às aquisições recentes nos leilões de transmissão, com expectativa de investir R$ 4.8 bilhões nos próximos 6 anos, considerando uma eficiência de capex de 20% em relação ao estimado pela ANEEL e com os anos de maior desembolso serão entre 2025 e 2027.
“Considerando o patamar mínimo, a distribuição de proventos da empresa deverá ser de 4,5% em relação aos preços atuais. Em caso de maior espaço para distribuição, considerando 75% do lucro líquido regulatório, o yield poderia chegar a 7%”, explicam.
Transmissão Paulista (TRPL4)
Tá barato?
Aos atuais níveis de preço, os analistas observam um potencial de valorização para as ações de 11%, negociando a uma taxa interna de retorno real implícita de 11% (vs NTN-Bs 2045 de 6,2%) e com um dividend yield esperado para 2024 de 8,1%.
“Elevamos nosso preço-alvo para as ações após incorporarmos os empreendimentos mais recentes adquiridos nos leilões de transmissão, bem como em função de menores taxas de juros e da atualização sobre o fluxo de investimentos esperados dos Reforços & Melhorias (R&M)”, discorrem.
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E os dividendos?
Os analistas recordam que além dos investimentos em reparos e melhorias, a empresa ainda possui um grande pipeline de investimentos referentes aos novos projetos adquiridos ao longo dos últimos anos, um montante próximo de R$ 7,1 bilhões entre 2024-2028, considerando uma eficiência de capex de 20% em relação ao estimado pela Aneel.
“Ainda assim, mesmo com o pesado fluxo de investimentos à frente, a empresa mantém um fluxo de geração de caixa saudável, o que não significa que os dividendos não serão afetados. Segundo a empresa, para fazer frente ao volume de projetos, os dividendos serão mantidos no nível mínimo estipulado pela política de distribuição de lucros”, colocam.
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Por outro lado, em 2028, próximo ao fim desse ciclo de investimentos, teremos também um arrefecimento no pagamento do RSBE, o que reduzirá a receita da companhia e, no final do dia, seu lucro. Com isso, os dividendos também serão afetados.
Taesa (TAEE11) , a mais endividada
Tá barato?
Para a Taesa, os analistas calculam potencial de valorização para as ações de 9,3%, negociando a uma taxa interna de retorno real implícita de 9,8% (vs NTN-Bs 2045 de 6,2%) e com um dividend yield esperado para 2024 de 11%.
“Elevamos nosso preço-alvo para as ações após incorporarmos os empreendimentos mais recentes adquiridos nos leilões de transmissão, bem como em função de menores taxas de juros e da atualização sobre o fluxo de investimentos esperados dos Reforços & Melhorias (R&M)”, discorrem.
E os dividendos?
Os analistas alertam para o fato da Taesa ser a mais alavancada dentre os pares (3,8x Dívida Líquida/EBITDA 12M), e, por outro, possuir o menor número de projetos em construção e o menor prazo de concessão médio dentre os pares do segmento (14,9 anos).
Além disso, é a companhia mais exposta ao IGPM, com cerca de 60% da receita total vinculada a este índice, que vem apresentando deflação neste início de ano e que provavelmente afetará negativamente as RAPs (receita anual permitida) das concessões da empresa no reajuste que ocorre no meio do ano, para o ciclo 2024/2025.
“Sendo assim, nossa preocupação reside nos próximos passos da empresa: ela deve desalavancar primeiro, abrindo espaço para novos projetos e aumentando a receita da companhia, ou se deve adquirir novos projetos primeiro, aumentando ainda mais seu endividamento, mas utilizando as novas receitas para acelerar o processo de desalavancagem”, questionam.
Na primeira situação, explicam, a empresa deixaria passar oportunidades de aquisição no curto/médio prazo, sendo que a partir de 2030, parte de suas concessões começa a expirar e projetos novos levam de 3 a 4 anos para se tornarem operacionais após a assinatura do contrato.
Na segunda situação, a empresa se alavancaria ainda mais para obter novos projetos, mas teria que conviver com uma dívida alta por mais 3 a 4 anos, até começar a contar com a receita desses investimentos, que ajudariam no processo de desalavancagem.
E uma terceira opção, que poderia deixar investidores chateados, seria a empresa diminuir o pagamento de dividendos, para acelerar a desalavancagem.
“Recentemente, durante a divulgação dos resultados referentes ao 1T24 da companhia, ela soltou um fato relevante propondo uma distribuição de dividendos mínimos para 75% do lucro líquido regulatório durante o exercício de 2024. Apesar da intenção da Taesa é retornar ao patamar entre 90% a 100% em 2025, achamos que a redução momentânea é positiva, mas devemos salientar que parte do motivo da Taesa negociar a múltiplos maiores é o alto dividend yield que ela teve nos últimos anos”, completam.