Commodities

Tropeço das commodities derruba os títulos da América Latina

30 jun 2022, 10:31 - atualizado em 30 jun 2022, 10:31
Casa Rosada, Argentina
As perdas foram lideradas pela Argentina, que mergulha em uma nova crise de dívida em meio à escassez de dólares e à inflação crescente (Imagem: Reuters/Agustin Marcarian)

Os títulos latino-americanos, que foram o refúgio dos mercados globais de dívida no início do ano, agora ficam para trás à medida que o impulso das commodities começa a diminuir e algumas economias da região mostram sinais de fraqueza.

A dívida soberana em dólar da América do Sul e Central caiu cerca de 15,1% no segundo trimestre de 2022, enquanto a dívida do México e do Caribe caiu 12,6%, segundo um índice da Bloomberg.

São desempenhos piores do que a perda de 11,3% para um indicador de títulos de mercados emergentes e uma queda de cerca de 9,7% para os títulos do Tesouro americano no mesmo período. É também uma grande reversão do desempenho superior da região nos primeiros três meses do ano.

As perdas foram lideradas pela Argentina, que mergulha em uma nova crise de dívida em meio à escassez de dólares e à inflação crescente.

O Equador também foi um dos maiores perdedores, com uma agitação social que preocupa os investidores, enquanto o tiro pela culatra do experimento com Bitcoin do presidente Nayib Bukele afunda a dívida de El Salvador. Mas a dor foi sentida em todos os lugares, da Colômbia ao Brasil.

“O principal desafio para a América Latina é o crescimento e o crescimento está abaixo da média na região há algum tempo”, disse Zulfi Ali, gestor da PGIM Fixed Income em Newark. Segundo ele, os títulos em moeda forte da região estão na pior posição entre os mercados emergentes para enfrentar uma recessão global.

Nos três primeiros meses do ano, os títulos da região produtora de commodities superaram os pares em meio a um salto de 25% em um indicador da Bloomberg de preços de matérias-primas.

À medida que o índice sofreu uma retração, caindo 10% desde que atingiu uma máxima de oito anos no início de junho, as fragilidades da América Latina ressurgiram, deixando sua dívida vulnerável à liquidação global de títulos desencadeada por taxas de juros mais altas em todo o mundo. A preocupação dos investidores com uma possível recessão global nas últimas semanas só piorou a situação.

Os títulos de todos os países latino-americanos registraram perdas nos três meses até junho, com os piores desempenhos nos países sem dinheiro.

As notas da Argentina no índice de referência em dólar caíram cerca de 29% com a dificuldade de rolar a dívida interna que levou o governo a imprimir mais dinheiro e colocou em risco o acordo do país com o Fundo Monetário Internacional.

Mas mesmo o Brasil, que superou a região com uma perda de apenas 8,5%, pode enfrentar problemas à medida que o governo tenta aumentar os gastos públicos antes das eleições de outubro, revivendo preocupações fiscais.

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