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Trocas atômicas irão aniquilar as corretoras?

26 jan 2020, 7:00 - atualizado em 22 jan 2020, 14:20
blockchain atomic swap troca atômica
Trocas atômicas servem para garantir a segurança na negociação de criptomoedas (Imagem: Crypto Times)

A tendência de foco da mídia tradicional da cobertura cripto é na volatilidade de preço do bitcoin, mas muitos dos avanços acontecendo no mundo dos criptoativos não são divulgados nem compreendidos. Trocas atômicas (atomic swaps) são uma das inovações que entram nessa categoria.

Trocas atômicas entre blockchains, comumente chamadas de “atomic swaps”, são contratos inteligentes alimentados alimentados por criptografia que permitem a negociação de duas criptomoedas em uma base P2P, peer-to-peer (de pessoa para pessoa), sem a necessidade de um terceiro confiável e sem o risco de uma parte dar calote na outra.

Se duas pessoas querem negociar, por exemplo, bitcoin por ether sem o uso de uma corretora centralizada, uma taxa de câmbio pode ser estabelecida e A enviaria bitcoin diretamente para B, enquanto B enviaria ether para A.

No entanto, já que transações de criptoativos são irreversíveis, A está em desvantagem se enviar suas moedas, já que não há garantia de que B também enviará suas moedas.

Além disso, para a negociação P2P funcionar entre blockchains, é necessário um mecanismo que garanta que nem A nem B volte atrás. Em trocas atômicas entre blockchains, contratos bloqueados por hash (hash lock) e por período (time lock) cumprem essa função.

Um contrato bloqueado por hash e por período (HTLC) é um contrato inteligente que certifica que uma troca atômica possa ser realizada de forma sem confiança (trustless) com o uso de criptografia.

O HTLC exige que o destinatário do pagamento confirme ter recebido o pagamento antecipado ao prazo ao gerar uma prova criptografada do pagamento. Se o destinatário não o fizer, perderá os direitos de reivindicar o pagamento e, assim, devolver o pagamento ao remetente.

Isso garante que, se uma parte envolvida na transação não cumprir com o combinado, a outra parte recebe suas moedas de volta e a negociação não é realizada.

A e B precisam enviar suas transações em seus dois blockchains respectivos. Para A receber suas moedas, vai precisar produzir um número que só ele ou ela saiba, usado para gerar um hash criptografado, que fornece a prova de pagamento.

De forma similar, B precisa fornecer o mesmo número usado para gerar o hash a fim de receber o pagamento em seu lado da transação.

É importante destacar que trocas atômicas não podem ser realizadas com todas as criptomoedas. Para realizar trocas atômicas entre blockchains, as duas criptomoedas precisam estar na Lightning Network e é necessário ter compatibilidade com funções criptográficas de hash.

Isso é indispensável para o contrato HTLC funcionar corretamente.

A primeira troca atômica foi realizada entre a Decred e a Litecoin em setembro de 2017.

Dois meses depois, em novembro de 2017, Lightning Labs anunciou que conseguiu realizar a primeira troca atômica entre bitcoin e litecoin.

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Trocas atômicas vêm para eliminar a necessidade da intermediação de corretoras centralizadas (Imagem: Pixabay/TheDigitalArtist)

As corretoras estão sob ameaça por conta da inovação das trocas atômicas?

No início de 2018, Jameson Lopp, desenvolvedor de bitcoin, tuitou: “Trocas atômicas quase instantâneas através da Lightning Network chegarão mais cedo do que o esperado. Não daqui a um ano, mas daqui a alguns meses”, o que sugere que corretoras possam estar sob ameaça por conta dessa nova forma de negociação antes cedo do que nunca.

Usuários experientes de criptoativos, cuja maioria prefere evitar o uso de corretoras centralizadas, esperam agarrar a oportunidade de evitar intermediários centralizados para conduzir suas negociações.

Essa tendência é perceptível pelo aumento nos volumes de negociação das corretoras descentralizadas que usam contratos inteligentes para intensificar a execução de negociações.

Com a ampla adesão das trocas atômicas para a conversão de criptoativos, conforme o aumento da implementação pela Lightning Network por projetos de blockchain, não é surpresa que atividades de negociação estejam migrando das corretoras centralizadas — sob constante ameaça de invasão — para trocas atômicas entre blockchains.

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É preciso estudar e analisar as condições antes de realizar uma negociação cripto (Imagem: Pixabay/geralt)

A importância da “experiência de usuário”

Enquanto trocas atômicas entre blockchains possam ser uma possível ameaça a corretoras de criptoativos, é improvável que veremos o sumiço de corretoras, já que fornecem diversos serviços de acréscimo de valor que podem ajudá-las a reter usuários.

Geralmente, corretoras são de fácil utilização e facilitam a compra e venda de criptoativos aos novatos. Investidores precisam de pouco conhecimento técnico para se cadastrarem em uma corretora, preencherem os formulários de KYC (de identificação de clientes) e começarem a negociar criptoativos.

Para investidores que estão acostumados a negociar em corretoras on-line de varejo, corretoras de criptoativos são o local mais adequado para fazer investimentos em cripto. Por outro lado, para realizar trocas atômicas entre blockchains, é necessário ter bem mais conhecimento técnico.

Além disso, corretoras de criptoativos fornecem recursos extras como ferramentas com gráficos, livro de oferta visível, chats, ferramentas de relatório de negociação e suporte. Investidores gostam desses recursos porque os auxiliam a tomar decisões de negociação e gerenciar melhor seus investimentos, além de fornecerem relatórios para fins fiscais.

Para ter acesso a esses serviços adicionais, a maioria dos investidores está feliz em pagar as taxas da corretora.

Além disso, trocas atômicas entre blockchains não são possíveis para fiduciárias, então investidores que buscam adquirir criptoativos usando fiduciárias ainda vão precisar de uma corretora.

Por fim, já que é necessária a ampla adesão da Lightning Network, a tecnologia de trocas atômicas ainda tem um longo caminho a percorrer antes de se tornar uma ameaça real.

No entanto, operadores de corretora não devem ser complacentes, já que, apesar de terem vantagem de pioneiro, o setor de trocas atômicas ainda é novo, mas continua se inovando rapidamente.

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