Troca de CEO coloca produtora de shows ‘de volta na pista’; ação dispara
As ações da Time For Fun (SHOW3) dispararam no pregão desta quinta-feira (25) com investidores reagindo positivamente à troca de comando da companhia, anunciada ontem. Com isso, os papéis fecharam em forte alta de 11,95%, negociadas a R$ 1,78.
Na véspera, a T4F comunicou que o fundador e acionista controlador Fernando Alterio renunciou ao cargo de presidente da empresa. Sendo assim, o conselho de administração elegeu Serafim Magalhães de Abreu Junior para assumir o comando da produtora de shows.
De volta ‘à pista de shows’ do mercado
O estrategista-chefe da Condor Insider, Carlos Herrera, avalia que a troca de CEO foi positiva, já que abre caminho para a companhia voltar para a pista.
“Tem uma expectativa de que, com a nova liderança, a empresa melhore a comunicação com o mercado. Nós, analistas, não conseguimos acompanhar a empresa mais. A mudança pode colocar a T4F no radar de investidores”, avalia.
Entretanto, segundo a T4F, Serafim Abreu terá o desafio de acelerar o crescimento na empresa por meio de novas frentes de negócios a serem criadas com uso da tecnologia.
Herrera comenta que o novo CEO “não é um nome conhecido no mercado de shows”. Abreu é formado em administração e tem MBA em gestão em Harvard.
O executivo teve cargos importantes na IBM, sendo vice-presidente de operações e estratégia da IBM Latin America e CFO da companhia no Brasil.
2023 de movimentações
A empresa do ramo de entretenimento vem exibindo movimentações importantes nos últimos meses. Primeiro, a Time For Fun anunciou o fim do contrato para realizar o festival Lollapalooza Brasil, após dez anos. A edição de 2023, realizada em março, foi a última sob a chancela da produtora.
O Lolla, como o festival é chamado, era uma das principais fontes de receita da T4F. No entanto, houve uma dança das cadeiras com a produtora concorrente Live Nation, dos Estados Unidos.
A empresa assumiu a produção da segunda edição do festival “Primavera Sound”, que será realizada em dezembro, em São Paulo. Em 2022, o evento foi produzido pela Live Nation, que assumirá o Lollapalooza Brasil a partir de 2024.
A produtora norte-americana é acionista controladora da Rock World, do empresário brasileiro Roberto Medina e organizadora do Rock in Rio, também da empresa americana C3 Presents. Daí, a Live Nation optou por centralizar a operação de todos os seus festivais no Brasil com a produtora de shows de Medina.
Além disso, antes da renúncia de Alterio, a T4F comunicou em 17 de maio que a empresa Loyall Investimentos aumentou a sua participação para 10,18%. A gestora de recursos passou a deter 6,8 milhões de ações da produtora de shows, mais do que o dobro que tinha anteriormente.
De acordo com o formulário de referência (FRE) divulgado em 10 de maio, a Loyall tinha fatia de 5,25% na T4F. A gestora é ligada à empresa Loyall Astorias Fusões e Aquisições.
Live Nation: de parceira nos shows a concorrente
Herrera destaca o movimento da Live Nation nos últimos anos. “Vimos é uma Live Nation cada vez mais agressiva na América Latina. Antigamente, ela era uma parceira da Time For Fun. Hoje, ela é uma concorrente”, comenta.
Ele comenta que, antes da pandemia de covid-19, a T4F já vinha acumulando resultados fracos, nesse contexto de concorrência no setor de atuação.
“Esse setor foi um dos mais afetados com a pandemia. Por um ano e meio, a empresa zerou receitas. Não havia shows. Hoje, finalmente, a gente vê um resultado da empresa rolar com alguma normalidade”, comenta.
Contudo, depois da pandemia, ele ressalta que o setor de shows e eventos vê o aumento de cachê de artistas, uma demanda significativa por eventos no mundo, além de um real desvalorizado. “A concorrência está grande”, diz o estrategista-chefe da Condor.
Sinais de M&A?
Após sucessivos trimestres de prejuízo em meio à pandemia, a T4F começa a mostrar sinais de recuperação com a sua agenda de shows e eventos cheia. Todavia, segundo o profissional da Condor Insider, o valor de mercado da companhia é baixo.
“O IPO [oferta pública inicial de ações] da T4F faz dez anos. Não rolou”, pondera o analista, de modo que, as movimentações recentes não são necessariamente sinais de uma possível fusão e/ou aquisição (M&A) da empresa.
“Não sei que a empresa fará M&A ou não. Hoje, ela tem números que dão mais previsibilidade na comparação com dois anos, três anos atrás. Por isso, hoje em dia, faz muito sentido melhorar a comunicação com o mercado”, reforça.
Herrera relata que, nos últimos dez anos, houve “burburinhos” de que a T4F seria comprada. “Faz alguns anos que há uma sensação de que a Live Nation poderia comprá-la. Então, não acho que a troca de CEO seja por isso, para ter uma fusão ou venda”, avalia.
O profissional da Condor diz ainda que a empresa mexicana Corporación Interamericana de Entretenimiento (CIE Internacional), que tem participação de 5,74% nas ações da produtora brasileira, é ligada à Live Nation. Já que a produtora de shows americana tem participação na CIE Internacional.