Trigo russo deverá ser maior e nunca houve acordo de troca por carnes, diz Abitrigo
O trigo russo deverá começar a chegar cada vez em maior quantidade e isso deverá oxigenar mais a oferta no Brasil do único grão importado para consumo interno. No final do ano passado, o País trouxe 25 mil toneladas de lá, mas essa não teria sido a contrapartida para a liberação daquele mercado para a volta das exportações brasileiras de carnes, especialmente suína.
“Nunca houve acordo nenhum por parte do Brasil (nos governos anteriores) para essa troca”, informa Rubens Barbosa, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). O que teria havido foi a paralisação das importações do cereal russo, a partir de 2010, por questões sanitárias.
Desde que a Rússia embargou a compra de carne, no final de 2017, corre na suinocultura essa versão sobre uma possível retaliação.
Para Barbosa, o que é importante agora é criar novas fontes de fornecimento, onde ele também destaca embarques de 750 mil toneladas, de várias procedências – inclusive dos Estados Unidos – que devem entrar no Brasil em 2020.
Para um setor transformador que precisa de 11/12 milhões de toneladas anuais para injetar no varejo, com déficit superior a metade na produção nacional pelos estados do Sul, o presidente do setor de moinhos comemora a política de maior abertura defendida pelo ministro Paulo Guedes, que declarou que o “o Brasil deveria ser uma imensa zona franca”.
E isso ajudaria também a depender menos da Argentina – 20 milhões/t são esperadas na safra deste ano – principal provedor das indústrias brasileiras de farinha de trigo. Apesar da flexibilidade tarifária benéfica ao Brasil pelo acordo do Mercosul, a dependência do vizinho vive em risco pelas condições da natureza do produto, muito sujeito a prejuízos climáticos e de qualidade.
Safra
Na safra brasileira atual, a estimativa é de 5,3 milhões/t de produção. Haverá queda de quase 2,5% na área plantada, a ser compensada pela maior produtividade.
A Abitrigo prevê 3,6% no volume por hectare, elevando a produção total e 1,1%.