Trigo: nem aumento de área na Rússia tira suporte que a fome dos bichos tem dado
Junto com a forte demanda para o trigo nos plantéis globais de suínos e aves que querem fugir dos altos preços do milho, o clima seco no Hemisfério Norte ajuda a dar dor de cabeça na indústria brasileira.
As cotações só fazem subir e o analista e trader Marcelo De Baco questiona: “O grande ponto é a gôndola do supermercado… quanto ela ainda pode dar de suporte aos preços”.
Nesta segunda, os vencimentos mais próximos, em Chicago, estão confortavelmente acima dos US$ 7 o bushel. Há várias sessões. O julho, por exemplo, rompeu essa linha em 21 de abril e agora, por volta das 11h20 (Brasília), está em leve recuo, depois das altas mais cedo, em 0,78%, a US$ 7,29.
A começar pelas rações, o chefe da De Baco Corretora calcula que a comida dos bichos deverá puxar o trade mundial este ano, que está sendo calculado em 200 milhões de toneladas.
Ele já havia apontado aqui em Money Times a substituição que os chineses estão fazendo, em parte, no milho. Agora o movimento é mais espalhado, ante a explosão das máximas do milho, que ainda tem a demanda para etanol nos Estados Unidos.
O interessante, também, que tem até fundamento baixista anulado pelo cenário. Marcelo De Baco ressalta que a Rússia deve aumentar sua área. Ou seja, mesmo com mais oferta no horizonte, as cotações têm fôlego.
E não importa se o mundo está pagando mais caro pelo trigo, justamente também porque a Rússia, que dita os preços junto com Ucrânia, está taxando suas exportações – e que só deverá flexibilizar no meio do ano. “Elas serão flutuantes”, acrescenta o especialista brasileiro.
Ao ritmo da pandemia que pode esfriar em grandes países consumidores, concorrendo com o consumo dos animais, aí eis que entra o tempo seco e frio (fora de hora) nas terras onde dá mais trigo. Estados Unidos e Canadá estão sofrendo e a soja e o milho novamente em alta.
E dão mais suporte para o trigo.