Trigo: até um indesejável 1º tiro na Ucrânia, a crise já tá no preço, mas desbalanço de mercado se acentua
Em alguns momentos desde o final do ano passado, o trigo atingiu máximas ao som dos tambores de guerra na Ucrânia, sob o temor de invasão russa e do arrasto das potências ocidentais seja para o conflito ou sanções econômicas.
Mas, mesmo com crise ganhando novas estridências desde o final da semana passada, após uma pausa que pairava distensão, o cereal agora está carregando mais um total desbalanço de oferta e demanda.
Nesta segunda fechou em alta de 0,80%, aproximadamente, a US$ 7,68 o bushel, no futuro de março.
Sim, um indesejável ‘primeiro tiro’ pode levar mais 15% a 20% para as cotações de Chicago, lembrando que o produto da Ucrânia é importante no balanço global, porém agora vale o que o analista Marcelo de Baco diz:
“Mesmo que nada aconteça, só teremos safra de trigo em junho”.
Até lá, manda a produção da Argentina e Austrália, mais curtas.
Houve, também, muita conversão do trigo para a ração, em substituição ao milho, e isso não está totalmente contabilizado nos estoques, quando, por exemplo, o chefe da De Baco Corretora lembra que a China consumiu 46% e figura como possuidora de 51% dos inventários mundiais.
A demanda ultrapassou a oferta (desde 2019).
Pelos dados da Associação Americana de Trigo (US Wheat Associates) a safra mundial promete 779 milhões de toneladas, contra o uso de 787 milhões/t.
Nova explosão do petróleo, o mercado americano vai queimar mais milho. E o pouco trigo vai virar mais ração.
Nessa composição, se mantida, o “trigo some antes de 30 de maio”.
E sem tiro no Leste europeu.