Três países africanos competem para tocar o céu
O que África do Sul, Costa do Marfim e Marrocos têm em comum? Os três países do sul, oeste e norte da África estão competindo para ver quem constrói o edifício mais alto do continente.
O Leonardo, no sofisticado bairro de Sandton, em Joanesburgo, tem 234 metros de altura e atualmente ostenta o prestigiado título. No entanto, não muito tempo depois de inaugurado oficialmente em outubro, o arranha-céu deverá ser superado pela torre Mohammed VI, na capital marroquina de Rabat, nos próximos três anos.
A construção do edifício de 250 metros de altura começou há um ano e, quando concluída, “terá 55 andares para abrigar um hotel de luxo, escritórios de prestígio e apartamentos luxuosos, além de um observatório no topo da torre”, de acordo com Leila Haddaoui, subdiretora da O Tower, uma subsidiária do grupo FinanceCom, de propriedade privada, que encomendou e financiou o projeto.
A construção está em vias de ser concluída em maio de 2022, acrescentou Bjorn Walgraeve, diretor do projeto da Besix Group, da Bélgica, que assinou o contrato de construção em outubro de 2018. “Atualmente, existem 300 pessoas no local, mas aumentará para 2 mil no pico”, disse.
Mais ao sul, outra candidata à torre mais alta da África é a torre F, a ser construída na capital comercial da Costa do Marfim, Abidjan. A construção ainda está em andamento, mas a PFO Africa, uma empresa controlada pelo arquiteto libanês-marfinense Pierre Fakhoury, já a classificou como a mais alta do continente, com 283 metros quando a obra for finalizada.
A torre F será “uma façanha arquitetônica, com uma geometria simétrica, como uma máscara africana”, diz a PFO no site.
Os superlativos não são novidade para Fakhoury. Ele projetou a Basílica de Nossa Senhora da Paz de Yamoussoukro, na cidade natal do ex-presidente da Costa do Marfim, Felix Houphouet Boigny. A torre F será usada para serviços e escritórios do governo, de acordo com o site da PFO.
A África chegou atrasada à farra dos prédios altos: países da Ásia e do Oriente Médio possuem nove dos dez arranha-céus mais altos, todos construídos na última década. Mesmo quando ou se a torre F for construída, ela ainda terá cerca de um terço da altura do edifício mais alto do mundo – o Burj Khalifa, em Dubai. A icônica Torre Eiffel, em Paris, concluída há mais de 130 anos em 1889, tem 324 metros de altura em seu ponto mais alto.
“Depois do 11 de setembro, todo mundo pensou por um momento que seria o fim dos arranha-céus e é exatamente o contrário”, disse Eitan Karol, presidente da Louis Karol Architects, em entrevista por telefone da Cidade do Cabo. “As pessoas naturalmente gostam de prédios altos porque são um símbolo importante e aportam algo à cidade”, afirmou.