Três fatores que vão decidir o futuro da Selic; confira
Desde agosto do ano passado, o mercado só quer saber uma coisa: quando o Banco Central vai começar o movimento de redução da Selic. A taxa de juros está sendo mantida no patamar de 13,75% ao ano, o maior desde dezembro de 2016.
A autoridade monetária justifica que está acompanhando de perto os indicadores econômicos e, principalmente, as expectativas de inflação para longo prazo, que estão desancoradas. Além disso, o risco fiscal do novo governo vem interferindo nas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom).
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Veja o que o Banco Central está avaliando para definir a sua política monetária
A surpresa do SVB
A quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e agora do Signature Bank promete mudar os rumos dos bancos centrais. Isso porque a crise no sistema financeiro, mesmo que seja controlada, causará uma desaceleração natural da economia e que, por sua vez, tende a arrefecer a inflação.
Para o Banco Central, a quebra dos bancos não seria um fator tão importante. Mas a questão é que o Federal Reserve está se preparando para cortar os juros, forçando uma redução por aqui, já que a prêmio Brasil, por ter mais risco, sempre tem que estar mais atrativo que o americano para captar recursos estrangeiros.
Além disso, mudanças nos juros lá nos Estados Unidos impactam diretamente o dólar por aqui. E câmbio mais alto é sinônimo de inflação do lado das importações e produção.
Arcabouço fiscal e a promessa sobre a Selic
O Ministério da Fazenda quer mostrar para o Banco Central que está fazendo a lição de casa. O ministro Fernando Haddad se aproximou do presidente Roberto Campos Neto e quer apresentar a proposta do novo arcabouço fiscal para o Congresso antes da próxima reunião do Copom.
A ideia é sinalizar para a autoridade monetária que o governo está comprometido com a responsabilidade fiscal e que o Banco Central pode começar a reduzir a taxa básica de juros.
Vale lembrar que nos últimos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou guerra contra Banco Central e passou a questionar duramente a autonomia da autarquia, a condução da política monetária e a lealdade de Campos Neto. Lula afirma que a Selic está muito alta e atrapalhando a recuperação econômica.
A boa e velha inflação
Quem pressiona o Banco Central a manter a Selic no seu atual patamar é a inflação. Nos últimos meses, o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) voltou a entrar em um movimento de alta, puxado também pela reoneração dos combustíveis que vai pesar no indicador de março.
Só nos dois primeiros meses do ano, a inflação já soma uma alta de 1,37%. Além disso, o acumulado dos últimos 12 meses está em 5,60% em fevereiro – bem acima do teto da meta de 2023 estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,75%.
Nas suas últimas atas, o Copom destacou que as expectativas de inflação futura ainda estão muito altas. No Relatório Focus desta semana, as projeções são de que o ano termine com inflação em 5,96%, enquanto 2024 deve fechar em 4,02%.