Treinamento obrigatório sobre assédio sexual é ampliado nos EUA
Dois anos depois do movimento #MeToo, um número sem precedentes de trabalhadores nos Estados Unidos agora recebe treinamento obrigatório sobre assédio sexual, resultado de uma série de novas regulamentações estaduais destinadas a criar ambientes de trabalho mais seguros.
Agora, um em cada cinco trabalhadores nos EUA mora em um estado que exige treinamento obrigatório sobre assédio sexual nas empresas. Há dois anos, um em cada 100 empregados recebia esse tipo de treinamento.
A lei do estado de Nova York, que entrou em vigor esta semana, exige que as empresas instruam os funcionários sobre em que consiste o assédio e ofereçam canais de denúncia, como o preenchimento de formulários de queixas. Califórnia, Connecticut, Delaware, Washington e Illinois também aprovaram ou revisaram leis nos últimos dois anos que ampliam o treinamento para mais funcionários. Maine tem uma lei abrangente em vigor desde 1991.
Os estados também aprovaram leis que limitam a arbitragem forçada, acordos de não divulgação e outras políticas que possam desencorajar um funcionário a denunciar o assédio.
A maioria das empresas já oferece algum tipo de treinamento sobre assédio sexual. Mas, geralmente, esses treinamentos têm como foco proteger os empregadores de ações judiciais e se concentram na identificação, em não na eliminação do mau comportamento. “Grande parte do treinamento realizado nos últimos 30 anos não funcionou como uma ferramenta de prevenção”, constatou uma força-tarefa da Comissão de Igualdade de Oportunidades de Emprego de 2015. Treinamentos tradicionais, segundo estudos, não vão além de ensinar às pessoas a definição de assédio.
Após o #MeToo, o foco está mudando da detecção para a prevenção, disse Kevin Kish, diretor do Departamento de Emprego Justo e Habitação da Califórnia, que aplica as leis de assédio do estado. “O treinamento está se distanciando do ‘isso é assédio ou não é assédio?’ para o ‘assédio é errado, não toleramos, eis o que esperamos’”, disse.
Não está claro se as novas exigências levarão a locais de trabalho mais seguros. O governo dos EUA estima que 75% dos incidentes não são relatados, e uma pesquisa de 2019 revelou que mais de 30% dos trabalhadores americanos ainda acreditam que suas empresas favorecem o assédio sexual.